quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Citi(un)group - A Justiça?



O desmantelamento do Citigroup é uma fonte de temas para análise. Em 1998 o Citicorp e o Travelers Group fundiram-se, criando o maior grupo financeiro mundial e seguindo o modelo de banca universal. O "Citi" pretendia de servir todos. Empresas, bancos, governos e particulares. Agora tenta salvar-se da falência, separando as áreas de negócio.

Uma primeira questão é a subsistência do modelo. O futuro da banca (e não só) passa por abandonar os conglomerados e focar na especialização? Os bancos não estarão em dificuldades por determinadas áreas contaminarem negócios mais seguros? Os gestores terão subestimado a ocorrência dos "cisnes negros" - acontecimentos improváveis, mas com consequências terríveis? As estratégias de conglomerado aumentam a probabilidade desses eventos, mais do que compensando as vantagens?

Provavelmente o caso Citigroup tem a ver com a cultura da empresa. Relembremos alguns casos. Recentemente o banco foi condenado em $14 milhões por literalmente roubar os clientes. Provou-se que de 1992 a 2003 uma rotina informática retirava dinheiro intencionalmente das contas de clientes mais pobres ou recentemente falecidos. O esquema foi denunciado internamente, mas os gestores de topo decidiram nada alterar. Em 2004 o "Citi" manipulou o mercado de obrigações e em 2007 estava envolvido num escândalo com dinheiros públicos noruegueses, isto entre uma série de multas milionárias impostas pelos reguladores.

Há apenas que lamentar pelos efeitos na economia mundial, porque relativamente aos gestores do "Citi" parece estar a ser feita "justiça"!


Filipe Garcia
Economista da IMF

Artigo publicado no jornal Meia Hora em 21 de Janeiro de 2009

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