A crise financeira deste Vero foi o suporte de muitos medos no retalho em Portugal, mas a verdade é que, quer por influências fiscais, quer pelas características lagging do consumo, o cenário não se confirmou, e existiu mesmo um aumento de vendas no retalho. Os primeiros sinais de alerta chegaram em Agosto, com comportamentos atípicos nos saldos, no turismo e no bazar pesado dos hipermercados.
Setembro e Outubro acabaram por surpreender, porque persistiu um ambiente de resistência à quebra de vendas no retalho especializado, embora com inversão de tendências em sectores como a cultura e o lazer e o adensar de problemas no automóvel e decoração/lar.
Novembro foi um duro golpe para os retalhistas, resistindo apenas a alimentação e alguns sectores não maduros. A quebra foi geral, com particular enfoque nas áreas de moda, desporto, cultura e electrónica.
Acredita-se que Dezembro será outro mês muito mau, o culminar da crise no retalho. Advogo o inverso. Dezembro será um mês de consumo equilibrado com os valores homólogos, resultado de uma primeira quinzena em quebra acentuada e uma segunda bem suportada, face ao provável avanço de promoções dos operadores ainda antes do Natal e entrada de saldos a 28. Assim, prevejo um Dezembro com vendas equilibradas (ainda assim abaixo do ano passado), contrariadas por resultados em preocupante quebra.
Problemáticos serão realmente a segunda quinzena de Janeiro e o mês de Fevereiro, em que não há quebras de margem adicionais para suportar novos aumentos de venda, e em que os limites de crédito serão menos extensos do que em anos anteriores.
Será esse o momento negro.
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