De vez em quando, surgem notícias ou artigos sobre o mercado do pescado, apelando para a contradição, alegadamente injusta para os pescadores, entre os baixos preços do pescado na lota e os altos preços praticados no retalho, apontando sempre o dedo acusador à Distribuição e suas insígnias. Errado. Só quem não quiser é que não vê o papel decisivo do retalho moderno na contenção da subida dos preços do pescado, só possível pela redução das margens e da optimização da cadeia de valor.
O circuito de comercialização de pescado típico envolve dois operadores: comerciante de pescado da primeira venda e o próprio retalhista alimentar. O circuito mais curto acontece, na moderna distribuição, quando o próprio retalhista realiza directamente as compras em lota, sem intermediários.
Neste caso, a margem bruta média dos fornecedores do retalho moderno (7% a 10%) é muito inferior à dos fornecedores do retalho tradicional (20% a 30%) por força quer do menor risco associado a uma relação comercial mais estável num horizonte temporal mais alargado, quer pelas quantidades comercializadas.
Por outro lado, as margens médias brutas são também bastante mais elevadas no retalho tradicional, onde atingem valores entre os 250% e 350%, do que no retalho moderno em que se situam entre os 70% e os 115%. Prova-se assim que o peso crescente do retalho moderno na distribuição de pescado fresco e refrigerado, pela superior capacidade negocial e elevado volume de compras, tem vindo a assegurar uma contenção da subida dos preços na primeira venda e consequentemente ao consumidor final. A realidade ultrapassa sempre a ficção, não é verdade?
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