Na sequência da minha última crónica, na qual argumentei que não existe qualquer percepção de crise em Portugal e que, apesar dos sinais de abrandamento económico mundial, os portugueses não começaram ainda a ajustar-se, recebi vários alertas de colegas do sector financeiro. A crise está iminente – todos me disseram.
Pois bem, passados alguns dias, o Instituto Nacional de Estatística publicou informação referente ao preço por metro quadrado que, em média, preside às avaliações bancárias e respectivos empréstimos hipotecários concedidos em Portugal. Nos últimos doze meses, o preço por metro quadrado baixou 5%. Adicionalmente, a Associação Portuguesa de Bancos publicou em Julho passado que a concessão de crédito, na qual se inserem os empréstimos à habitação, continua a crescer a 12% ao ano. Ou seja, será que existe alguma noção de crise? Alguma mudança de hábitos? Não. Os portugueses continuam a gastar ou a investir – conforme o ponto de vista.
Em oposição, analisemos o que está a acontecer nos Estados Unidos. Segundo dados da Mortgage Bankers Association, em Junho de 2008, a concessão de empréstimos para a aquisição de imóveis residenciais baixou 63% face ao ano anterior. No domínio dos escritórios, menos 65%. E no segmento dos parques industriais, a concessão de crédito diminuiu 98%. No total, desde Janeiro deste ano até ao final de Outubro, o volume de negócios no mercado imobiliário norte-americano sofreu uma redução de 72%. Palavras para quê?! Estes, sim, são indicadores de uma crise a sério.
Artigo publicado no jornal “Meia Hora” a 6 de Novembro 2008.
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