O mercado das telecomunicações é, neste momento, responsável por elevadíssimos projectos de investimento por parte das principais operadoras.
Como é sabido a corrida às infra-estruturas ópticas começou em meados deste ano, sendo que, aqueles que ainda não arrancaram certamente o farão a breve trecho. Assim, Portugal terá rapidamente uma infra-estrutura em duplicado, ou até triplicado, de fibra óptica, que ligará através deste suporte físico o operador e a habitação do cliente.
É evidente que esta nova tecnologia abre novas portas e essencialmente uma enorme oportunidade de negócio para as empresas de conteúdos. Uma ligação de 100Mb de download e 40Mb de upload permitirá desenvolver um cem número de novas actividades até hoje impensáveis.
Aliás serão este tipo de conteúdos que levarão ao sucesso na comercialização destes novos serviços, caso contrário apenas os fanáticos pelo hi-tech suportariam a diferença de custo para terem exactamente os mesmos serviços. Na realidade não seria tudo igual, poderiam sempre comentar com o colega do emprego que agora têm 100 Mega.
Mas o cerne da questão está na duplicação das infra-estruras. Fará sentido que Portugal, sendo um País tão pequeno e pobre (embora não pareça quando vamos aos grandes shoppings) poderá dar-se ao luxo de enterrar milhões de euros, gastos na sua maioria na importação de materiais e equipamentos?
O problema como se sabe já vem de trás, desde o tempo em que o deficit português justificou a venda da totalidade da infra-estrutura de telecomunicações ao operador incumbente. Desde então que o acesso à rede por parte dos outros operadores se tornou uma dor de cabeça, mesmo depois da imposição da famosa ORAC.
Não faria mais sentido que uma entidade governamental, ou equiparada, possuísse e regulasse toda a infra-estrutura existente? Ou em alternativa os municípios assumissem a construção e a gestão das redes, privando os cidadãos dos inconvenientes de uma constante abertura de valas?
Pelos vistos nada disto é possível e, portanto, Portugal está a beira de se tornar um país onde os seus habitantes terão à sua porta, não uma, mas várias fibras ópticas ao seu dispor.
Resta-nos esperar que a concorrência beneficie o consumidor, quer ao nível dos preços quer ao nível dos serviços, e que a nossa balança comercial não se constipe ainda mais com tantas importações de tecnologia.
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