Os especialistas em imobiliário comercial têm chamado a atenção para os perigos do excesso de oferta, nomeadamente no formato centro comercial. Os estudos são claros e demonstram que nas duas maiores metrópoles portuguesas existe um risco para os proprietários quer os retalhistas, habitualmente os primeiros a sentir as dificuldades do mercado. O que os estudos não demonstram é que esse excesso de oferta é também desvantajoso para os clientes, que verão os seus centros de conveniência degradar-se como consequência de desempenhos maus.
O actual modelo de promoção de centros comerciais tem a particularidade de não se auto-regular, como acontece noutros sectores de concorrência livre. Enquanto os centros forem comercializados, haverá terrenos para vender, promotores para lucrar e gestoras para gerir. Um dia, a oferta terá de se adaptar à procura – fecham lojas, centros readaptam-se e a sua valorização cai a pique e os bancos de investimento descobrem outra bolha por baixo do seu nariz. Uma bolha onde os analistas não se concentram, por ser considerada segura e de longo prazo, pela sua supostamente evidente tangibilidade.
A abertura do Marshopping em Matosinhos pode ser a última grande operação viável no Grande Porto, tendo nesse cenário evidentes repercussões para o NorteShopping, cujas campanhas publicitárias já demonstram outra atitude e preocupação. É tempo de promover espaços que vão de encontro a nichos especializados, ou dar espaço a operadores polarizados, que dominarão o comércio de amanhã: os low cost num extremo e os de valor acrescentado e grande qualidade noutro.
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