quinta-feira, 30 de outubro de 2008

E se estivéssemos fora do EURO?



Não se trata de futebol, mas a discussão é igualmente competitiva. E se Portugal não tivesse entrado na moeda única? Por onde andam agora os opositores ao euro? Porque não aparecem a louvar as virtudes de uma moeda própria e a independência total do Banco de Portugal?



Quando no final do século passado se listavam as vantagens da União Monetária, poucos valorizavam o facto de as economias mais pequenas passarem a estar mais defendidas de ataques especulativos às moedas nacionais e de, no seu conjunto, os respectivos sistemas financeiros ficarem mais "aconchegados" e defendidos. Ao fazer parte de um conjunto alargado de economias e tendo um regulador de maior dimensão, Portugal passou a ter uma posição mais segura e estável. Nos dias que correm esse estatuto é crucial para que o país continue, apesar de tudo, numa situação estável e sem convulsões económicas ou sociais.


Basta olhar em redor para perceber que se Portugal não estivesse no euro, hoje a taxa de juro não estaria a 5%, mas talvez nos dois dígitos. O escudo estaria muito desvalorizado e um litro de gasolina talvez custasse o dobro dos actuais 260$ (1.3 euros). O FMI já interveio, ou vai intervir brevemente, na Islândia, Hungria, Ucrânia, e outros podem seguir-se. A economia portuguesa não é substancialmente diferente das que hoje necessitam do FMI. Felizmente trata-se de uma discussão académica, mas com o actual endividamento externo e no contexto actual se Portugal não tivesse aderido ao euro... o mais provável é que estivesse numa crise financeira que só teria paralelo com o período de 1977 a 1982...

Filipe Garcia
Economista da IMF
 
Artigo publicado no Jornal Meia Hora em 30 de Outubro de 2008 (pág. 8)

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