Hyman Minsky, economista americano do século XX, formulou a hipótese que nos sistemas capitalistas a um período de expansão económica segue-se um final de ciclo vicioso de especulação financeira – os “momentos de Minsky”. Se fosse apenas uma crise financeira, já deveria estar a terminar. Só que estamos agora numa nova vaga de instabilidade pelo que provavelmente algo de mais sério está a acontecer. Neste momento há um grande risco de uma recessão forte no curto prazo, mas pode ainda acontecer pior e estarmos na eminência de os momentos de Minsky se tornarem demasiadamente longos!
No seu relatório anual o BIS (Bank of International Settlements) afirma que a crise no subprime pode ter despoletado a crise, mas não é a sua causa. Não sendo claro o que terá acontecido, fica a ideia que o crescimento rápido do crédito e da massa monetária terá tido um papel importante na situação actual. No entanto pode ser arriscado apontar os banqueiros como responsáveis, já que apenas vão fazendo o que lhes é permitido. Talvez os maiores “vilões” nesta "história" sejam alguns economistas que ocuparam lugares de destaque nos bancos centrais e ministérios e que têm testado as suas teorias.
Estes economistas defendem a necessidade de manter as taxas de juro reais negativas (o que tem acontecido por largos períodos na última década e meia) e que se deve ajudar os bancos e proprietários do imobiliário, mesmo que para isso os níveis de dívida pública cresçam ou fique a noção que o “crime compensou” para esses agentes económicos. É preciso questionar se essas políticas “acomodatícias” são adequadas actualmente. Se o BIS estiver certo e a rápida expansão monetária tiver causado ou contribuído para a formação de bolhas especulativas e de inflação alta, talvez o certo será optar por políticas contrárias às propostas.
Poderá fazer mais sentido simplesmente deixar que o ajustamento natural se faça, sem intervenções. Será seguramente doloroso no curto prazo, mas com certeza que haverá bases mais sólidas para uma recuperação futura. Por outro lado as políticas monetárias deveriam ser conduzidas no sentido da verdadeira promoção da estabilidade de preços. Quando a inflação sobe, as taxas reais devem ser positivas. Para seguir esta ideia seriam necessárias subidas de taxas de juro nos EUA e Zona Euro. Devem ainda ser implementadas medidas que pretendam reduzir a volatilidade. Não se trata de aumentar os graus de intervenção dos mercados. Pelo contrário, os regimes cambiais devem ser mais flexíveis a nível global. Devem é ser retirados incentivos pró-cíclicos ao sector bancário, que fazem com que em momentos de crescimento o crédito cresça em demasia e que desapareça quando ele é mais necessário.
(adaptado de um artigo de Wolfgang Münchau, editor do Financial Times)
1 comentário:
Grande post!
Meu caro, a tua reflexão deita por terra as teses malucas do Sr. "Helicopter Ben" (Bernanke).
Ricardo Arroja
ps: não estava familiarizado com estes momentos de minsky...vou procurar mais info sobre o assunto.
Enviar um comentário