A origem da crise financeira que agora atravessamos tem lugar em certos paradigmas que têm caracterizado a cena mundial nos últimos anos, em particular, a abertura do comércio internacional a certos países emergentes, até aqui restringidos às suas próprias fronteiras, cujo impacto se tem feito sentir na subida do preço das mercadorias e nas crescentes assimetrias sociais no mundo ocidental. No caso português, tudo isto é ainda agravado por um outro elemento desfavorável: a política monetária do Banco Central Europeu.
Ou seja, a altura é propícia à implementação de soluções de ruptura. No que diz respeito às mercadorias, existe algum exagero quando apenas se refere o papel da China ou da Índia. Porque não nos podemos esquecer das barreiras proteccionistas que ainda subsistem na Europa e nos Estados Unidos, e que no domínio agrícola também contribuem para a subida dos preços. Uma solução seria eliminar a Política Agrícola Comum e, em simultâneo, abrir as fronteiras à produção proveniente do continente africano. Mais globalização.
Quanto ao impacto da moeda europeia em Portugal, não tenhamos dúvidas: a adesão à União Europeia contribuiu, e muito, para a nossa prosperidade. Contudo, a introdução do Euro aumentou o custo de vida dos portugueses de forma dramática. A eventual saída de Portugal do Euro, preconizada por alguns economistas, é ainda prematura. Mas, a partir de 2013, após a absorção dos 20 mil milhões de Euros previstos no QREN, se nada mudar na nossa competitividade internacional, provavelmente, não nos restará outra alternativa. Mais proteccionismo.
(*) Artigo publicado no jornal “Meia Hora” a 18/07/2008
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