quarta-feira, 14 de maio de 2008

Taxas de juro dificilmente descerão...

Tal como esperado o BCE deixou inalteradas as taxas de referência na semana passada, dando a entender que o foco continua a ser a inflação. O mercado já assumiu que dificilmente irá haver algum corte de taxas em 2008, pelo que as taxas forward apenas reflectem essa possibilidade para 2009. Numa entrevista televisiva o presidente Trichet reforçou a ideia que garantir a estabilidade de preços é agora mais essencial que nunca, tendo em conta o choque do aumento dos produtos petrolíferos. A subida do petróleo para cima dos $125, numa fase em que também o dólar recuperou terreno face ao euro, leva a crer que as tensões inflacionistas se manterão nos próximos meses. Do mesmo modo o ministro das finanças espanhol Pedro Solbes também afirmou que vê como muito difícil a possibilidade de descida de taxas este ano. A Espanha baixou um pouco a inflação em Abril, mas ainda assim está nos 4,2% anuais. Gonzalez-Paramo, membro do BCE, referiu que não vê forma de a inflação poder regressar para os níveis desejáveis nos próximos tempos, ao mesmo tempo não acreditando que a actual turbulência nos mercados financeiros possa vir a ter um efeito prolongado na economia. No que respeita aos problemas com o mercado financeiro, que têm impacto directo no diferencial para a Euribor, a situação mantém-se igual. Esta semana foi o Credit Agricole a referir a possibilidade de avançar para um aumento de capital de 5,9 mil milhões de euros, devido a problemas no seu banco de investimento. No respeitante ao mercado obrigacionista, há que destacar a forte valorização dos títulos a 10 anos que pagam apenas 4,0%. No mercado de swaps, esta situação traduziu-se numa redução para zero do diferencial entre 2 e 10 anos, dado que o prazo mais curto continua muito influenciado pelo elevado valor das Euribor. Nos EUA as obrigações também subiram após a divulgação de maus resultados por parte da seguradora de obrigações MBIA. No que respeita a coberturas parece-nos interessante a possibilidade de fixar por um período de 4 a 5 anos com a hipótese de cancelamento ao fim de 1 ano.

1 comentário:

Pedro Barbosa disse...

Isto é apenas mais uma prova que os comentários e opiniões dos supostos analistas valem mesmo o que valem. Há dois meses atrás praticamente nao havia duvidas que as taxas iam baixar 0,25 antes do verão, outro tanto depois e talvez mais outro quarto antes do fim do ano, como forma de animar as economias...

Agora parece consensual que não. os preços acabaram por ditar as leis, sobretudo depois do dólar começar a deixar de desvalorizar. Mas a diferença de taxas entre os dois continentes é tão grande que naturalmente esta situação, a manter-se, terá impactos.

O meu conto, contudo, é este : serão os analistas pelotões de opinion makers com a mesma opinião (com raras excepções) em temas como estes, ou serão eles opinion receivers? De que nos servem, se assim que se confirma que estão errados o pelotão muda todo, e não há ninguém a contestar suficientemente alto para não se gerar um falso consenso?

Os falsos consensos são muitas vezes piores do que duras verdades.