sexta-feira, 9 de maio de 2008

Maio de 1968 - Maio de 2008

A revolução de Abril aconteceu seis anos após o que se considera ter sido o movimento social mais relevante do século XX.
A sociedade portuguesa acabou por ser mais directamente marcada pelo PREC do que pelo Maio de 68, mas ficou na memória colectiva do país que se tratou de um exercício pleno, quase soberbo, de liberdade de expressão e de confronto com o status quo.
A acreditar no Vaticano, pela primeira vez na História moderna os católicos não são a religião mais representativa. Representam 17.4% dos crentes, face aos 19.2% de muçulmanos. Nada de extraordinário, “apenas” uma tendência em curso. Mas hoje o mundo está mais atento à islamização da sociedade.

Num excelente artigo de Birand no Milliyet de Istambul, destacam-se as alterações que a sociedade turca tem vindo a registar, um exemplo pertinente do que sucede a um nível mais global. É cada vez mais visível um estilo de vida diferente, que toca em aspectos mais mundanos como o vestuário, discurso, alimentação, mas que ao mesmo tempo tem impacto na política, economia, imprensa e na democracia, até pelo carácter impositivo da “sharia”. À medida que aumenta a influência do Islão, a separação e a desigualdade entre homens e mulheres é mais visível, a comunicação social perde independência, os movimentos laicos são reprimidos e o mercado torna-se imperfeito.

Não se pode colocar em causa a mera liberdade religiosa, mas há que encarar com apreensão a tendência para a existência de sociedades menos laicas e por isso mesmo menos livres.

P.S. – Ao recordar a “revolução” de 1968 não deixo de relembrar um “Maio de 1968” falhado, reprimido e ainda adiado, em 1989 na China.

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