quarta-feira, 21 de maio de 2008

Portugal S.A.

Por vezes retenho-me a pensar se os partidos entendem realmente qual a verdadeira motivação para a sua existência. Faz-me mesmo alguma impressão verificar que, muitas vezes, se colocam os interesses partidários e as ideologias adjacentes a estes à frente daquilo que deveria ser o objectivo de todos os intervenientes na sociedade, partidos incluidos, o bem estar comum e o consequente desenvolvimento colectivo do país.
Vem isto a propósito de um artigo que li recentemente, não consigo precisar o autor e onde o li, onde se defendia o fim da ideologia politica. Efectivamente tem-se assistido ao debate em torno da ideia que o PS tem vindo a ocupar o espaço politico genéticamente destinado ao PSD. Esta situação só possível por haver um entendimento geral de que as ideologias politicas, imutáveis desde a fundação dos partidos, de pouco valem no quadro social e globalizante actual. Não é pois de estranhar a naturalidade com que encaramos o facto de ser este o governo que mais medidas ideológicamente conectadas à direita adoptou no pós 25 de Abril. Entretanto o PSD sai em defesa de mais e melhores politicas sociais em detrimento de uma postura económicamente mais liberal que noutros tempos seriam a sua bandeira.Penso, por isso, estarmos a assitir ao definhar do ideal partidário tal como o conhecemos desde sempre.
O futuro não o consigo prever mas arrisco-me a opinar que talvez os partidos venham a ser substituidos por lobbies de interesses, enquanto somos governados por um quadro de gestores, à semelhança de uma grande empresa, cujo objectivo maior seja o lucro da Portugal S.A.

2 comentários:

Pedro Barbosa disse...

Pedro, referes-te a Portugal S como se tal ideia fosse descabida ou muito má.

É evidente que um país não é uma empresa, muito menos anónima, e em grande medida é necessário que existam u conjunto de factores que a tratem de forma diferente da gestão privada e empresarial, desde logo porque uma empresa vive em média 20 anos e Portugal vai a caminho dos 900.

No entanto, há muitas práticas da gestão provada que podeiam e deviam ser seguidas, e que considero mais importantes do que as ideologias.

Na verdade, penso que só existe essa questão da s ideologias porque hoje o grande pelotão das pessoas acredita nas mesmas coisas, nomeadamente que se deve evitar os extremos e ter um equilibrio entre foras e estabilidade. Nos países em que é posta em causa qualquer destas coisas, o que alta de imediato é uma discussão ideológica, quando não religiosa (que tem o mesmo principio base, ainda mais angular).

Por isso não me parece que isto seja um assunto critico, estamos a percorrer o caminho normal de uma democracia em amadurecimento ...

Anónimo disse...

Nao falo disso como um fatalidade mas apenas como constatação do rumo que seguem as democracias actuais. Todas as tendências têm o seu ciclo de vida e acredito que o da democracia estará a chegar ao fim e o que preconizo é precisamente o que expus no artigo. Mas volto a salientar que nao vejo isso como uma fatalidade mas apenas uma consequência lógica do tal amadurecimento que defendes.