Num magnífico ensaio, publicado a 7 de Dezembro na revista “Newsweek”, o economista e historiador Niall Ferguson descreveu os passos que sempre levaram à queda dos grandes impérios. Endividamento, baixo crescimento e elevados gastos – foram sempre essas as razões do declínio económico, político e social. Ora, é bem possível que estejamos a testemunhar mais um desses momentos críticos da história.
Esta semana, as agências de notação de risco apontaram armas à Grécia. Em breve, é provável que façam o mesmo com outros países europeus. E, muito mais importante ainda, foram já dizendo que a credibilidade do governo norte-americano, nomeadamente a confiança associada ao pagamento da sua dívida pública, não está imune à crise internacional. No passado, o indicador económico que melhor permitiu antecipar a queda dos impérios foi quase sempre o serviço de dívida. No século XVI e XVII, o Reino de Espanha entrou em ruptura de pagamentos catorze vezes até implodir. No século XVIII, antes da revolução que se seguiu, a França gastava mais de 60% das suas receitas no pagamento de juros. O Império Otomano, no século XIX, caiu pela mesma razão. E o Império Britânico, que, no século passado, entre as duas guerras mundiais consumia mais de 40% do seu orçamento no financiamento dos empréstimos provenientes do exterior, idem. A história repete-se e, quase, nunca é diferente.
(*) publicado no jornal “METRO” a 9/12/2009.
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