sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Google, Amantes, Prostitutas e a Economia



Medir a evolução económica e social é controverso e exige novas abordagens. Apesar de o PIB ou o desemprego serem importantes, é pertinente ir por outros caminhos mais subjectivos, mas susceptíveis de serem mensuráveis, para avaliar a riqueza e performance.

Em termos de tendências, a Google tem criado ferramentas interessantes. Está disponível nos EUA o "Global Domestic Trends", que permite medir o interesse por um tema. Serve para conhecer quantas pesquisas foram feitas sobre construção, automóveis, desemprego, entre outros, permitindo conclusões sobre o que as pessoas pensam e que não é captado nos inquéritos formais.

Em Inglaterra, um site de encontros entre casados descobriu uma relação entre a bolsa e a procura por aventuras extra-matrimoniais. Quando a bolsa está em alta, a procura por um "affair" sobe, dados os níveis de confiança. Num "crash", também se regista um aumento, mas para aliviar a pressão: uma "fuga para a frente". Em períodos mornos, os casais tendem a não procurar outras pessoas. Na Letónia encontrou-se uma relação entre o que prostitutas cobram e o desempenho da economia. Antes de o PIB ou da inflação mostrarem uma queda abrupta, já os preços na rua tinha descido. Isto é um indicador avançado!

Claro que já existem alternativas ao PIB, como o IDH, o Coeficiente de Gini, entre outros. Mas, como defende o economista Stiglitz, é necessário medir o bem-estar e não só o que se produz. Não estranhemos se, um dia, for aceite a proposta de Sarkozy de incluir critérios de felicidade nas medidas da riqueza nacional. E, quando isso acontecer, em que lugar aparecerá Portugal?

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Artigo publicado no jornal Metro em 4 de Dezembro de 2009



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