O actual sistema de compensação dos executivos de topo tem por base a teoria da agência (muito em voga nos anos 90), segundo a qual quando uma pessoa (principal) incumbe a outra pessoa (agente) a prestação de serviços, envolvendo a delegação de poder de decisão, existe razão para acreditar que o agente nem sempre vai agir no interesse do principal, mas sim na tentativa de maximizar o seu benefício próprio.
Os principais conflitos discutidos nesta teoria respeitam ao empenho dos gestores, ao controlo dos gestores sobre os bens da empresa e a uma atitude face ao risco diferente da assumida pelos accionistas. Os gestores assumem uma grande responsabilidade perante os accionistas, pelo que deveriam receber prémios relacionados com o retorno das acções, opções sobre acções e remuneração indexada a indicadores de desempenho.
Assim, assistimos nos últimos anos à distribuição de incentivos generosos, numa cultura tão insaciável que observámos os directores da seguradora AIG, salva da falência pelo Estado, a reclamarem o direito aos seus prémios exorbitantes.
Na cimeira do G20, que decorrerá nos dias 24 e 25 próximos em Pittsburgh (EUA), pretende-se chegar a um acordo quanto à definição de normas globais para limitar os prémios pagos na banca. A este respeito, espera-se que haja um confronto entre a posição da Alemanha, França, Reino Unido e outros países europeus e a posição dos EUA que hesitam em definir níveis de compensação individuais.
Susana Peixoto
Docente do IDEP
Artigo publicado no METRO, em 22/09/2009
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