Já deveríamos estar avisados que quando o Estado brinca ao mercado não se sai muito bem. Ilustrativo tem sido o exemplo da PT: quer na OPA da Sonae, quer agora na compra de parte da Media Capital, o Estado sai chamuscado, evidenciando clamorosos erros de sentido e tacto. Noutro capítulo, a dura lição de que o mercado sozinho tem dificuldade em se disciplinar é bastante evidenciada pelos recentes factos do caos em que o BCP se transformou.
O que resulta daqui? Parece que nem vícios públicos nem virtudes privadas se recomendam em excesso, mormente quando são ampliados pela confusão sobre o papel de cada um na economia. Ao Estado competirá sobretudo regular e fiscalizar, enquanto aos privados empreender e gerir; nem aquele é bom em iniciativas empresariais, nem estes na regulação do mercado.
Encontraremos na fragmentação do poder, que alguns patrocinam, a resolução desta tensão? Parece ser resposta frágil. Pelo contrário, jogos de poder – na disputa leal, transparente e ética entre diferentes forças que, conscientes das funções, procuram ocupar devidamente o seu espaço – podem gerar equilíbrios dinâmicos. Ou seja, é do efectivo confronto (poder/ contra-poder) que nasce o progresso, num permanente encontro de vícios e virtudes que demanda muito mais pensamento estratégico que promiscuidade.
Publicado no Jornal "Meia-Hora" em 29-Jun-2009.
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