segunda-feira, 15 de junho de 2009

Piratas e Falsários

O costume, é verdade, tem servido de escusa a muitos disparates e excepções. O hábito e a tradição, não raramente, abafam o argumento e a razão. Se cá estivessem os avós que com suposição nada mais do que egocêntrica tradição dizem querer respeitar, nada mais soltariam do que um lamento. Um lento e agoniado lamento.
Em tempo de Internet a 100 Mbps e neuroplasticidade, os portugueses convivem tranquilamente com o que se passa todas as semanas, todos os dias, nas feiras.
Pior, fazem-no sem o mais ténue sentido de critica ou, ainda menos, culpa. Refiro-me não à venda legal de artigos que complementam o comércio tradicional, mas à enorme e revoltante malga de ilegalidades que se pratica nas feiras. Desde logo, porque a factura como documento é quase sempre uma miragem e o IVA um insulto. É grave, mas é pouco quando se compara com a óbvia contrafacção de marcas, digna de países como poderia ser o Sudão ou o Congo Francês. A cereja no topo do bolo é o policiamento, pago por todos os contribuintes, por aquelas mesmas unidades que o MAI insiste em cobrar em recintos desportivos e outros espectáculos. Em nome de um comércio desleal mas policiado, supremo da ironia.
Uma palavra também para as “vendas de alimentos” das feiras. Numa loja de rua, aqueles espaços duravam pouco tempo. Num centro comercial duravam um dia ou dois. Na feira, só falta serem elogiados. Muitas vezes sem as mínimas condições para operar dentro dos limites de higiene e segurança, oferecem “produtos tradicionais” que aumentam desnecessariamente o risco alimentar.
Quando mais tempo precisam os portugueses de perceber que estas ilegalidades retiram valor, pilham o orçamento do Estado e surripiam emprego legal? Quanto mais tempo precisam as autoridades para regular devidamente estes espaços e controlar falsários e piratas?

2 comentários:

Anónimo disse...

Concordo plenamente com o artigo e não podia ser mais oportuno. Só que aqui há um grande problema: Se a ASAE obrigasse os comerciantes das feiras a cumprirem a lei- como obrigam os restantes comerciantes dos centros comerciais e lojas de rua - nomeadamente a emitirem factura c/ IVA, alimentos devidamente embalados com data de validade, origem fabricante, etc, as feiras desapareciam no dia a seguir. Ora aqui surgiria um gravíssimo problema social: A rebelião da etnia cigana. Como todos sabemos, mais de 90% dos feirantes em Portugal são ciganos. E, apesar de coabitarmos com eles há muitos séculos, todos temos medo deles...a começar na polícia e a acabar no Engº Belmiro de Azevedo.
Cumprimentos.

Trader

Pedro Barbosa disse...

A ideia não é passar de 8 a 80 num dia, mas começar a formar e informar, a pressionar e condicionar o comércio ilegal, até o terminar finalmente de encostar a uma minoria sectária.