A crise financeira, que inunda jornais e revistas, televisão e podcasts, blogs e análises, acarreta efeitos colaterais que têm sido até agora ignorados. De entre estes, destaque-se a tendência para uma reengenharia no processo de gestão de ciclos de vida dos produtos, invertendo a compressão dos ciclos que até hoje se viveram.
A redução no consumo de FMCG (fast moving consumer goods) superará os 8%, enquanto a oferta continua a crescer. Por outro lado, sectores como o automóvel terão uma quebra global de 15% nestes anos. O retardamento do consumo conduz a um cenário de menor concentração de compra [compras por unidade de tempo], com as empresas a precisarem de aumentar os períodos de recuperação de investimento ou as margens operacionais. Como as margens não podem crescer num mercado com excesso de oferta, a solução passa ou pela concentração do sector ou pelo aumento de ciclos de vida. A concentração do sector implica crédito, que nesta altura parece improvável. Consequência óbvia: dilatação dos ciclos de vida. Note-se a importância deste tema, já que a redução dos ciclos de vida está co-relacionada com a aceleração das economias, portanto com o progresso.
Evitar a desaceleração do progresso tem tanto de necessário como de improvável, sendo o aumento do consumo interno dos BRIC a única opção credível, também ela pouco provável.. Entretanto, existe uma enorme oportunidade para quem conseguir investir ao mesmo ritmo em R&D e, mesmo perdendo operacionalmente no CP, sustentar pela diferenciação o longo prazo. Parece contudo óbvio aquilo que espera os consumidores: um progresso mais lento, uma evolução menos acelerada.
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