quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Espanha

Sempre que vou a Espanha sinto-me estranho e bem, ou melhor: estranhamente bem. Confusos? Ainda bem. Espanha tem vida; tem sal. Enche praças de emoção. Brilha nas avenidas. Vai de compras e de copas. Em Espanha sorri-se!
Não tenho a certeza que seja mais fácil viver em Espanha que por cá; nem mesmo que os nuestros hermanos sejam o melhor modelo – de país, de sociedade, de economia, de cultura, de pensamento… Mas algo me parece claro: a vida por lá é mais colorida. Ocupam-se ruas com alegres esplanadas; há música e muita conversa; opta-se pela diversão e não pelo fado da vida; escolhem-se caminhos e faz-se a fiesta; vive-se e ocupa-se o espaço público, criando laços e relações.
Num exercício de marketing, diria que Espanha já está numa lógica de marketing de terceira vaga: mais relacional que comercial; mais emotivo que mercantil; enfim, mais sedutor e intimista. Os ares lusitanos são menos arejados. Variamos entre uma desmedida – e tantas vezes infundada – euforia e uma depressão geral que o fado tão bem verte.
Por que perdemos o hábito de passar pelo café para “duas de treta” com os conhecidos? Por que nos fechamos tanto em casa? As nossas vivências colectivas restringem-se às feiras e romarias (mesmo que algumas, modernamente, se chamem festivais)? Não existe um imaginário colectivo? Algo que nos venha da alma?
Num regresso indago sobre o que, para além de Timor e das bandeiras de apoio à selecção de futebol, nos une…
Falta cumprir-se Portugal?
publicado no Jornal "Meia Hora" no dia 23 de Outubro 2008.

1 comentário:

Harry Lime disse...

Não podia concordar mais com a tua analise