sexta-feira, 27 de junho de 2008

Downshifting

Heráclito disse que “a mudança é a única constante da vida”.
2500 anos depois, a frase perdeu valor, porque a mudança já não é apenas uma constante. É uma variável acelerada. Ou seja hoje a própria mudança acontece mais rapidamente. Esta é a nova realidade que tem obrigado as empresas e os gestores que as lideram a assumir cada vez mais responsabilidades, a tomar cada vez mais e mais rápidas decisões, a investir cada vez mais do seu tempo pessoal. Longas horas no escritório, viagens permanentes e noites de fim de semana com planos estratégicos, relatórios de contas e telefonemas sucessivos tem um custo. Um custo que se traduz em tempo, mas que tem consequências nos níveis de stress de cada um e sua família, na qualidade de vida e tudo que lhe está associado. Estas consequências assumem particular gravidade nos gestores com filhos, pela incapacidade de acompanhamento dos mesmos, um factor que não mais será recuperado noutras alturas. Viver pior é hoje uma opção, não uma obrigação. Cada vez mais gestores optam pelo Downshifting, que consiste na troca de dinheiro (menos) por tempo (mais). Trata-se de procurar outro estilo de vida, menos penoso em termos de carga de trabalho e de maior qualidade de vida, associada a uma racionalização no consumo. Não se trata de um movimento radical ou fundamentalista, mas bastante ponderado e evoluído, trocando por exemplo semanas de 60 horas por outras de 35, com um nível de intensidade aceitável, equilibrando vida pessoal com realização profissional, num movimento que ainda não é socialmente bem visto. Agora que o Governo se prepara para legislar sobre a possibilidade de semanas concentradas, convém cada um pensar quais são, realmente, as suas prioridades de vida.

1 comentário:

Pedro Sequeira disse...

É interessante a reflexão. Mas como conciliar essa escolha com evolução profissional isto é, parece-me existir ainda uma incompatibilidade de interesses pessoais (menos dinheiro mas mantendo a possibilidade de evoluir profissional) com (mais tempo para evoluir a título pessoal).