quarta-feira, 21 de março de 2012

Maus Exemplos



Ao ouvir os tempos de antena dos partidos que se associaram à Greve Geral de amanhã, percebe-se que o objectivo da luta é fazer cair o governo, tendo em vista o não pagamento da dívida que Portugal constituiu ao longo de décadas.

Perante a situação actual, estes e outros políticos defendem o incumprimento. O exemplo que se dá o de não honrar compromissos, como se esse fosse um comportamento virtuoso. Com exemplos destes, como esperar que a sociedade, em especial os mais novos, se sintam motivados para o exercício da cidadania?

Honrar compromissos deveria ser incentivado e não o contrário.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 21 de Março de 2012 (pág. 6)

3 comentários:

Diogo disse...

Políticos a soldo da banca endividaram criminosamente este país com todo o tipo de obras pornograficamente dispendiosas e escandalosamente inúteis. Depois, outros políticos a soldo da banca obrigam o país a pagar essas dívidas dando (recapitalizando) literalmente dinheiro aos bancos e pagando juros usurários.

Devem-se honrar compromissos com vigaristas e ladrões?

Ulf disse...

confundir a liberdade de opinião com panfletar por aí e achincalhar... é muito discutível...

Diogo disse...

"Honrar Compromissos"

Miguel Sousa Tavares - Expresso 07/01/2006:

«Todos vimos nas faustosas cerimónias de apresentação dos projectos [Ota e o TGV], não apenas os directamente interessados - os empresários de obras públicas, os banqueiros que irão cobrar um terço dos custos em juros dos empréstimos - mas também flutuantes figuras representativas dos principais escritórios da advocacia de negócios de Lisboa. Vai chegar para todos e vai custar caro, muito caro, aos restantes portugueses. E o grande dinheiro agradece e aproveita.»

«Lá dentro, no «inner circle» do poder - político, económico, financeiro, há grandes jogadas feitas na sombra, como nas salas reservadas dos casinos. Se olharmos com atenção, veremos que são mais ou menos os mesmos de sempre.»

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Jornal Expresso de 1/9/2007 - jornalista Fernando Madrinha:

[...] «Não obstante, os bancos continuarão a engordar escandalosamente porque, afinal, todo o país, pessoas e empresas, trabalham para eles. [...] os poderes do Estado cedem cada vez mais espaço a poderes ocultos ou, em qualquer caso, não sujeitos ao escrutínio eleitoral. E dizem-nos que o poder do dinheiro concentrado nas mãos de uns poucos é cada vez mais absoluto e opressor. A ponto de os próprios partidos políticos e os governos que deles emergem se tornarem suspeitos de agir, não em obediência ao interesse comum, mas a soldo de quem lhes paga as campanhas eleitorais.» [...]

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Artigo 282.º do Código Civil - Negócios usurários:

1 - É anulável, por usura, o negócio jurídico, quando alguém, [negocinando com um representante corrupto de outrem], explorando a situação de necessidade, inexperiência, ligeireza, dependência, estado mental ou fraqueza de carácter de outrem, obtiver deste, para si ou para terceiro, a promessa ou a concessão de benefícios excessivos ou injustificados.

*A expressão entre parênteses rectos é minha.