sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Caixa de Pandora



A situação económica, financeira e demográfica do país obrigará a mudar, nem que seja por ultimato externo.

Enfrentaremos questões como o aumento da idade da reforma; A legislação laboral, nomeadamente horas de trabalho semanais, o estatuto das horas extraordinárias, flexibilidade de contratação, impostos sobre o trabalho; A reestruturação das relações do Estado com os seus funcionários e outras entidades; O espectro de intervenção do Estado e apoios sociais: âmbito, valor e duração.

Há poucas condições políticas e sociais para mudar. As pessoas não percebem, nem querem perceber, que vivem acima das possibilidades há décadas e persistirão franjas políticas a alimentar a ilusão.

Será difícil implementar as reformas estruturais essenciais a adaptar os portugueses a um mundo mais competitivo, exigente e implacável.


Filipe Garcia

Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 12 de Novembro de 2010



1 comentário:

Jose Simoes disse...

Claro que vai ter de mudar.

No entanto EM DEMOCRACIA como é entendida na NATO+UE esse tipo de mudanças não vão poder ser no sentido que os donos de MBAs em economia e gestão pensam ser a adequada.

Essa impossibilidade não é matemática, é política.

As pessoas votam, os sindicatos fazem greve e os desesperados vão para a rua partir tudo à paulada.

Se não existirem leis que acabem com a possibilidade de exportar empregos para locais esclavagistas e do sector financeiro vampirar o resto da sociedade, vamos a ver o que acontece.

Até porque a estabilidade salarial, e o apoio social continuam a existir para quem tem capacidade política, e quem os tem não fala da "imoralidade dos direitos adquiridos".