O “encargo” do gratuito

O preço continua a importar ? É que às vezes não parece. Ao confiarem tão pouco no preço, algumas empresas estão a abrir mão de um importante meio de influenciar o comportamento do consumidor.

Em determinados negócios, há consumidores que passaram a usar mais aquilo que é caro para as empresas e menos o que não é tão caro e, ao não pagarem, não comunicam com clareza o que efectivamente valem.

Ao não estar conectado o custo com a receita, eliminando subsídios cruzados nos produtos, será difícil construir uma simbiose de troca de valor mais transparente.

Portugal Exportador

Muito se tem falado da performance do sector exportador em Portugal, mas nada como olhar para os números.

Nos destinos de exportação não há grandes variações desde 2008, altura em que os países fora da UE27 ganharam importância acrescida. Nota-se apenas a diminuição do peso de Espanha, o que já sucede desde 2006.

Mas o mais importante será, porventura, a abertura sectorial. As recuperações nas máquinas, minérios e metais estão longe de compensar a queda de 2009, mas os agro-alimentares (+22.1%) e químicos (+22.8%) estão com desempenho muito interessante. Notar o comportamento do vestuário e calçado (quase 12% das exportações nacionais) que estão a registar um comportamento admirável (+16%) num mercado muito globalizado.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 21 de Dezembro de 2010

China ultrapassará EUA em 2012

Segundo o Conference Board, a economia chinesa poderá tornar-se a maior economia do mundo em dois anos, ultrapassando os Estados Unidos.

Utilizando o método habitual de comparação (PIB nominal) a diferença entre as duas economias é ainda enorme. A China "produz" 5 biliões de dólares e os EUA 15 biliões e, usando o PIB, a aproximação demoraria dez anos. Mas tudo é diferente se for utilizado o PIB em Paridade de Poderes de Compra, que tem em conta os bens e serviços que um país pode efectivamente comprar internamente. Essa é métrica que o Conference Board utilizou e que permite destacar a diferença de preços entre as economias e, provavelmente, a forte subavaliação do yuan.

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no Jornal Metro em 17 de Dezembro de 2010

Wikileaks – Certo ou Errado?

O Direito à privacidade é inquestionável; bem como se compreende existirem assuntos de Defesa Nacional ou de vantagem competitiva nos negócios, que devem ser preservados. O que a Sociedade hoje já não permite, pois a vida é cada vez mais pública, são certos “segredos de alcova” que muitas vezes encerram práticas condenáveis. Hoje e no Futuro, tenderá a viver mais tranquilo, quem menos segredos destes tiver. O fenómeno Wikileaks vem demonstrar que o poder da informação está consolidado enquanto poder democrático, isto é, ao serviço de todos. Assim o saibamos usar. António Jorge Marketeer e Docente Universitário Publicado no Jornal Metro de 14Dez10

Cultivar o Risco

O estudo do ISCTE "Desigualdades Sociais 2010" diz que, em média, os empregados têm mais estudos do que os patrões. Apenas três em cada dez patrões têm o ensino secundário completo. Seria importante perceber o que nos leva a este resultado, que limita a sustentabilidade das empresas e a criação de emprego.

Para além da questão geracional (a geração que está hoje em lugares de destaque teve menos oportunidades de estudar) podemos pensar que os menos qualificados foram obrigados a assumir posições de risco e iniciativa por não terem o acesso ao emprego mais facilitado como os que mais estudaram.

Não fará sentido cultivar o gosto pelo risco e empreendedorismo nas nossas escolas?

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 3 de Dezembro de 2010

Fazer o que está escrito que se deve fazer

As exigências da UE na flexibilidade do mercado de trabalho português não trazem novidades, uma vez que são recomendações antigas e que já tem sido contempladas nos diferentes programas orçamentais ou nos planos de desenvolvimento a médio prazo.

Ora isso demonstra bem a falta de capacidade de concretização de medidas anunciadas, subjugando-as sistematicamente ao medo do impacto social e político que parte dessas recomendações compreende.

A resistência a estas alterações, tem contribuído para o longo período de divergência económica em relação à UE, só comparável há 80 anos atrás.

Greve sem democracia

Os controladores aéreos espanhóis fizeram uma triste figura perante todo o mundo, independentemente da natureza e legitimidade eventual das suas razões. Num país como Espanha, devem os trabalhadores e respectivos sindicatos saber que existem regras para, democraticamente, exercer o direito da greve.

Não se trata de um direito anárquico que permita virar camiões de sardinhas, bloquear pontes ou fechar espaços aéreos, sem aviso nem supervisão. É importante banir estes comportamentos, que danificam a estrutura de uma democracia verdadeira. Os fins não justificam todos os meios.

Comércio Social

As redes sociais estão longe de constituir um mero fenómeno de early adopters. Pelo contrário, o número de utilizadores mostram a massificação e o potencial do movimento. Estar nas redes tem levado a comportamentos mais exibicionistas, alterando a comunicação, comprometendo a privacidade, mas valorizando a transparência.

Numa era de comércio social, em que valorizamos as experiências e opiniões dos amigos, o contágio de actividades e comportamentos é notório e constitui uma oportunidade ainda não explorada.

Há algumas ferramentas, mas não conseguimos pesquisar, com base na opinião dos nossos amigos, onde é que se come o melhor sushi, se aquela máquina de café vale a pena ou o que aconselham quando temos de fazer a inspecção automóvel..

Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
Publicado no jornal Metro em 3 de Dezembro de 2010

Gestores ao mais alto nível!

Imaginem uma empresa privada, altamente profissional, que se envolve num projecto de 24 milhões de euros.

Agora imaginem que nove anos depois, o investimento do projecto já vai em 39 M€, que se descobrem erros técnicos graves cuja correcção implica mais 39M€ de investimento. Imaginem ainda que para além da construção toda a estratégia falhou! Não há clientes, não há interessados, não há nada! O que há é nove anos de prejuízo!

Imaginem agora o que aconteceria aos gestores desta empresa?

Pois é! Provavelmente nem tinham chagado a este ponto.

Mas no Estado e nas Autarquias Portuguesas a realidade não é esta. Os factos relatados dizem respeito ao famigerado Aeroporto de BEJA. Quanto aos responsáveis, estado e autarquia, todos se consideram isentos de responsabilidade e acusam o Tribunal de Contas de excesso de zelo.

Welcome to Portugal!

Jorge Serra Gestor