O meio edificado é o principal responsável pelas emissões de gases com efeito de estufa porque, por si só, consome cerca de metade da energia produzida à escala global. São as boas práticas no sector da construção que maior impacto terão na prevenção e na mitigação das alterações climáticas. Estas boas práticas, precursoras da construção sustentável, são essenciais à qualidade de vida e sobrevivência de gerações futuras.
sábado, 28 de fevereiro de 2009
Construção Sustentável
O meio edificado é o principal responsável pelas emissões de gases com efeito de estufa porque, por si só, consome cerca de metade da energia produzida à escala global. São as boas práticas no sector da construção que maior impacto terão na prevenção e na mitigação das alterações climáticas. Estas boas práticas, precursoras da construção sustentável, são essenciais à qualidade de vida e sobrevivência de gerações futuras.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
PuraMente #7 - Fooled by Randomness
Nome: Fooled by Randomness: The Hidden Role of Chance in the Markets and in Life
Data (Original): Outubro de 2001 - W. W. Norton & Company
Keywords: Aleatoriedade, Darwinismo, Risco, "Cisne Negro", Karl Popper
Apreciação: *****
Nassim Taleb está agora muito em voga, sobretudo depois do best seller "O Cisne Negro" e de algumas das suas preocupações se materializarem durante a crise financeira. Taleb é um matemático e trader de opções, mas o livro não é sobre "mercados". Fala-se de evolução, saúde, ciência, cinema, literatura, filosofia e muito mais.
A ideia central do autor é que se subestima o papel da aleatoriedade ou do acaso. Existe uma predisposição biológica para estabelecer uma relação de causa-efeito, mesmo quando não existe. As superstições são um bom exemplo desta situação. O maior problema é que essa ilusão tem consequências nos processos de decisão, avaliação de riscos e até na percepção do sucesso. "Ninguém aceita a aleatoriedade no seu sucesso, só nos seus fracassos".
Apesar da sua preparação técnica, Taleb é muito céptico quanto aos processos de inferência estatística, considerando muito imprudente generalizar ou prever o futuro tendo como base as observações passadas. A indução até pode servir para escolher as "apostas" a fazer, mas é inútil para gerir riscos (e evitar os "cisnes negros"). Uma das "ideias-chave" é que "os eventos raros são muito subavaliados".
O livro tem duas partes. Primeiro fala-se de como as pessoas não se apercebem da aleatoriedade e tendem a ser enganadas por ela. Na segunda parte são dados exemplos de enviesamento causados por essa ilusão. O livro é divertido e deve ler-se todo. Taleb escreve bem, apesar de não conseguir disfarçar o seu enorme ego.
O autor assume-se como um céptico, na linha de Karl Popper, negando a existência de teorias definitivamente verdadeiras. Defende o darwinismo económico, salientando uma subtileza - o darwininsmo não assenta na sobrevivência, mas na reprodução. Ora estando esta última exposta a alguma aleatoriedade, o processo evolutivo perde linearidade.
O final deste "Fooled by Randomness" deixa-nos um conselho: "O acaso só não consegue controlar o nosso comportamento. Boa sorte!".
Economista da IMF
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Uma Guerra (a sério) na Europa
Filipe Garcia
Economista da IMF
Publicado no jornal Meia Hora em 25 de Fevereiro de 2009
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Tudo o que já quis saber sobre a Crise de Crédito
The Crisis of Credit Visualized from Jonathan Jarvis on Vimeo.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Perguntas e Respostas - 18 de Fev de 2009
- Justifica-se, na actual conjuntura, a criação na Europa de bad banks?
A utilização de medidas do tipo "Modelo Sueco" que incluem um "bad bank" começa a justificar-se.
- Se sim, eles devem ser privados, públicos ou mistos?
Deste modo a solução mais plausível é de ter "bad banks" públicos.
Se se optar pela solução de "bad bank" públicos, é fundamental que alguns princípios sejam respeitados:
- A estratégia de "bad bank" deve ser alvo de um consenso internacional, nomeadamente ao nível da zona euro ou mesmo da união europeia, senão ainda mais vasto. Penso que os países não têm a ganhar em seguir estratégias diferentes.
- Nacionalização dos bancos que dele beneficiem, incluindo perda completa por parte dos accionistas. Os depósitos e obrigações simples deverão ser salvaguardados. É importantíssimo que não se premeie ou salve quem "provocou" esta situação ou tomou o risco - em última análise os accionistas das instituições que utilizariam o "bad bank". Importante não criar situações de "Moral Hazard".
- Devolução ao sector privado, o mais depressa possível, dos segmentos de banca tradicional/comercial.
- A criação de bad banks pode criar problemas de concorrência?
Neste caso os bancos nacionalizados estariam em melhor posição financeira do que os bancos privados que escolhessem tratar dos seus problemas sem recurso a um "bad bank". Porém podemos estar numa situação de "força maior".
Seria ainda mais danoso para a concorrência se existisse um "bad bank" público, mas em que os bancos que a ele recorressem não fossem nacionalizados. Nesse caso a concorrência seria completamente desleal.
- Que alternativas viáveis existem à criação de bad banks?
É importante reter estas ideias chave:
- A recuperação económica não ocorrerá sem a resolução dos problemas no sector financeiro.
- A resolução desses problemas exige medidas concertadas internacionalmente (nisto a comissária europeia está de acordo).
- O sistema financeiro não está a resolver sozinho a situação. Pelo contrário, parece estar criado um processo de entropia.
Filipe Garcia
Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros
(Questões formuladas pela Isabel Resende da LUSA)
Presos no meio
Mesmo para os mais distraídos começa a tornar-se evidente que não podemos continuar a importar o nível de vida que nos habituámos nos últimos anos. Temos usufruído de rendimentos bastante superiores à riqueza que criamos, só possíveis pelo elevadíssimo endividamento internacional que a nossa economia padece. Aliás, esta situação cria um curioso paradoxo: os sinais visíveis parecem mostrar que nunca se viveu tão bem em Portugal, estando o país cada vez mais pobre.
Colhe algum consenso que, das poucas opções viáveis que nos resta, ganhar quota no comércio internacional parece ser a via para resolver este persistente desequilíbrio das nossas contas externas. Ou seja, para garantir a viabilidade do país precisamos ter empresas fortemente competitivas, capazes de gerar bens transaccionáveis e focadas em mercados externos.
Se, do ponto de vista global, o problema parece estar cabalmente formulado, a nível empresarial há ainda um longo caminho a percorrer, sobretudo no que toca à inovação, à dimensão e às competências.
São problemas particularmente relevantes porque o país atingiu um estádio de desenvolvimento onde arrisca ficar “preso no meio” – com salários que são demasiado altos para competir com a Ásia e a Europa Central e Oriental na transformação de produtos de baixo valor acrescentado; e produtos que não oferecem uma percepção de valor suficiente para competir com economias mais avançadas.
Este desafio é gigante mas não impossível: os sectores e as empresas que são exemplo de sucesso no Mundo inteiro motivam!
Artigo publicado no Jornal "Meia-Hora" em 19-02-2009.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
PuraMente #6 - A Estratégia do Oceano Azul

Data (Original): Dezembro 2005
Keywords: Oceano Azul vs Oceano Vermelho; Curva de Valor; Redução; Eliminação; Criação; Elevação.
Apreciação: *****
Docente no IPAM
A Apatia Racional
Vão ser tempos muito interessantes. Um dos factores que diferencia a crise actual das anteriores é o impacto que está a ter no consumo das classes média-alta e alta. Neste importante segmento de mercado, a sensibilidade ao preço começa a atingir patamares completamente diferentes dos habituais. Não será (para já) falta de recursos financeiros, será eventualmente o receio do futuro, uma mudança no valor atribuido ao dinheiro, e até algum pudor em manter o nivel de consumo, mas a verdade é que desde o Natal que se assiste ao fenómeno curioso das classes com mais recursos estarem cada vez mais sensíveis a argumentos low cost/high value.
Mais do que nunca, é necessário estudar o consumidor; entender a forma como nestes segmentos de mercado o valor está a ser redefinido e ajustar a politica de preços e comunicação para este novo paradigma. Conhecer bem e fazer os ajustamentos necessários à estrutura de custos é fundamental, já que as politicas de preços vão ter que mudar para acomodar este período pós “exuberância irracional”
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Taxa de Desemprego em Portugal - Comentário
Os números reflectem o abrandamento da actividade e não surpreendem, estando integrados numa realidade que vai para além das fronteiras portuguesas.
Dado o carácter ‘lagging’ do emprego e a situação económica actual e previsível, é muito provável que estes indicadores continuem a degradar-se pelo menos até ao final do ano. Prever um valor para o final do ano é pura futurologia, mas pensamos que se poderá pensar numa taxa de desemprego perto de 9%, até porque as estatísticas do emprego podem sempre ser sujeitas a algumas distorções.
Do ponto de vista de eficiência económico-financeira, parece-nos que o governo português deverá evitar cair na tentação de tentar inverter o ciclo económico, dado o carácter aberto e dependente do exterior da economia portuguesa. Será provavelmente um desperdício de recursos dado que a economia portuguesa não poderá arrancar sozinha.
Deste modo, deverá reunir esforços na busca conjunta de soluções para a estabilização do sistema financeiro, minimizar os impactos sociais do aumento do aumento do desemprego e não contribuir para cenários de insolvência nas empresas.
Filipe Garcia
Economista da IMF - Informação de Mercados Financeiros
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
O falso "Robin dos Bosques"
Reza a lenda que havia um Príncipe João que aproveitava a ausência do Rei Ricardo para explorar o povo trabalhador de Sherwood através de impostos. Era violento e recorria ao medo. O Príncipe João nada produzia e vivia obcecado com a contagem das moedas e a ilusão do poder que a riqueza lhe dava. Robin e os seus companheiros tiravam o que podiam ao Príncipe para devolver (e não dar) aos camponeses e artesãos. Ou seja, a história não trata meramente de tirar a ricos e dar a pobres, mas em aplicar justiça social. Devolver a quem merece para permitir aos trabalhadores e empreendedores da floresta apreciar os frutos do seu esforço. Retirar ao Estado tirano e improdutivo que cobrava coercivamente.
Perante a utilização "popularucha" desta lenda em Portugal há que repor a verdade. O que está a ser proposto pelo Governo é retirar aos trabalhadores eventualmente com mais mérito e que mais apostam no seu sucesso e no do país para dar ao Estado, despesista e improdutivo. Promove-se a evasão e, muito pior, desencoraja-se o progresso profissional e salarial. A história está ao contrário porque parece que o Príncipe João se está a querer fazer passar-se por "Robin dos Bosques".
Pior demagogia só mesmo do "João Pequeno" que, como bom radical, quer que só se despeça onde houver prejuízos.
Filipe Garcia
Artigo publicado no jornal Meia Hora em 16 de Fevereiro de 2009
domingo, 15 de fevereiro de 2009
20 por cento
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Karl Marx - A Provocação!
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Sem discutir a necessidade e as opções...
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Grande Depressão 2.0?
Irving Fisher, um reputado economista Americano (1867-1947) da linha de pensamento neoclássico, apontava um conjunto de factores determinantes para desencadear uma Grande Depressão: o excesso de dívida cujo crédito não tenha suporte em activos seguros e a deflação. Estes determinantes conjugados com o desenvolvimento de bolhas especulativas sobre activos criam um potencial cenário devastador nos mercados. Na sequência das suas reflexões, de forma a sistematizar os factores relevantes que podem conduzir a uma Grande Depressão, Irving Fisher identificou:
- Pressão para liquidação da dívida e venda motivada por pânico;
- Contracção na liquidez e quebra no acesso ao crédito bancário; Quebra do valor dos activos;
- Quebra na actividade económica e a precipitação de insolvências; Quebra generalizada dos lucros estendida a vários sectores;
- Redução da actividade comercial e no mercado de trabalho; Pessimismo e perda de confiança dos agentes;
- Levantamento massivo de depósitos;
- Quebra da taxa de juro directora em termos nominais conjugado com o aumento da deflação.
Irving Fisher estruturou o seu pensamento na experiência vivida na Grande Depressão 1.0 e porque nos dias que correm a maioria dos factores enumerados por Fisher se verificam na actual crise, será de pensar que o futuro próximo não augura nada de bom.
Contudo as circunstâncias e o momento não são os mesmos, porque o mundo mudou de então para cá e a capacidade de concertar medidas é superior. Como é habitual dizer-se: “à primeira toda a gente se engana, à segunda só quem quer”.
Artigo publicado no Jornal Meia Hora em 9 de Fevereiro de 2009
PuraMente #5 - "How to Talk So People Listen"
Crise para que te quero
No contexto da grave crise global que a todos afecta, quantas empresas estão preparadas para acompanhar as mudanças que o mundo apresenta?
Numa sociedade cada vez mais móvel e diversa, surgem novos grupos de consumidores sempre mais exigentes. O mercado de trabalho é cada vez mais global e o balanço entre o talento e os baixos custos cresce em dificuldade. Os desenvolvimentos tecnológicos são cada vez mais revolucionários. Uma consciência ambiental obriga-nos a tomar decisões reflectidas.
No entanto, por vezes é necessária uma situação de crise para nos fazer reagir. Nos anos 90 foi necessária uma crise na IBM, que à data caminhava a passos largos para a extinção, para que Louis Gerstner redefinisse a estratégia do gigante trazendo-o de volta para a ribalta. Acredito que aqueles que forem capazes de olhar o presente de uma forma diferente, para a partir daí construir um novo futuro, poderão vislumbrar na crise uma oportunidade.
As empresas que forem capazes de inovar e de se reinventar constantemente terão a capacidade de ultrapassar as fronteiras existentes nas indústrias onde operam; estarão aptas a redefinir as expectativas dos produtos que entregam e serão capazes de desenvolver novos modelos de negócio. Deste modo, o contexto actual oferecerá oportunidades únicas. Contudo, essas empresas terão obrigatoriamente que ter líderes capazes de criar valor, de gerir o risco e de ter uma perspectiva de longo prazo.
As empresas poderão também nada fazer e caminhar a passos largos para o que o futuro lhes reserva, mas temo que assim nada de bom o futuro terá para nos oferecer.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Paradoxo nos Preços
Estimativas, projecções e previsões são hoje a menor de todas as prudências, tendo em conta não só o não-conhecimento de Taleb, mas sobretudo a imprevisibilidade do efeito dominó da crise financeira e da evolução sócio-politica na Ásia e Médio Oriente na era pós-Obama. Ainda assim, arriscarei falar sobre tendências de preços em 2009, face ao paradoxo que se avizinha.
Parece consensual que os preços vão subir pouco ou nada. Um consenso forçado, porque apesar da taxa de juro ter descido, o custo do dinheiro cresceu, fruto de alterações em ratings e spreads. No entanto, do FMI à CE, dos jornalistas aos especialistas em Economia, do BdP ao Governo, ninguém parece ter dúvidas: a inflacção está controlada e terá valores reduzidos.
Não é tudo. 2009 será o ano em que muitos operadores aproveitarão para fazer crescer as margens – sobretudo aqueles onde estas são tradicionalmente baixas e discutidas no mercado de forma intensa. O caso mais óbvio é o dos produtos alimentares de marcas brancas/próprias, cujos markups já começaram há muito e se vão prolongar em 2009. As operadoras de telecomunicações aumentarão em 2,5% os seus pricings e reduzirão os markdowns de campanhas horizontais. O exemplo mais importante chegará da electrónica de consumo, onde os fabricantes e os retalhistas especializados deverão aumentar as margens médias e atenuar o skimming como forma de compensar a quebra de rotação. Aplicável a outros sectores da economia, este aumento por posicionamento é um paradoxo em ano de controle esperado de preços. Falta saber se tem relevância no panorama da economia real como um todo.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
A Vida por um Fio...
O Euro não está morto!
Exageradamente? Talvez. Oportunisticamente? Com certeza!
O acentuar das diferenças do risco de crédito entre países e os previsíveis incumprimentos do Pacto de Estabilidade levaram a que se falasse no fim da União Económica e Monetária. Para os eurocépticos se um dos países entrar em insolvência, o fim do euro será inevitável.
Claro que a adopção de uma moeda única trouxe rigidez à economia já que se perderam graus de liberdade. Um país com moeda própria define as suas taxas de juro, pode emitir moeda para pagar dívida e desvalorizar para induzir competitividade. No caso de Portugal até é discutível que sejam vantagens evidentes... Aliás esta crise tem demonstrado que é do interesse dos países "euro" manter a coesão e que estão mais bem defendidos juntos do que se estivessem separados. Até do ciclo económico.
Como a UBS destacou num comentário recente, os custos de sair do euro são proibitivos. Um país que abandonasse o euro teria que enfrentar taxas de juro muito elevadas, tornando provável a insolvência de particulares e empresas. O sector financeiro doméstico colapsaria com saídas de capital ou, se isso fosse impedido, sem as entradas de novos fundos.
Note-se que o Tratado de Maastricht não prevê que um país possa ser "expulso" do euro. Trata-se de uma decisão interna, mas que implicaria isolar-se do projecto europeu e não só do euro. E isso
seguramente não seria um bom sinal para os europeus...
Um cenário de pânico, crise, proteccionismo, nacionalismo e isolamento.
Sair do euro não é uma opção para ninguém!
Filipe Garcia
Economista da IMF
Artigo publicado no jornal Meia Hora em 5 de Fevereiro de 2009 (pág. 8)
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
PuraMente #4 - "Inside Steve´s Brain"
Mínimo Denominador Comum

Publicado no jornal "Meia-hora" em 3-Fev-09.


