sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Vinho do Porter

Imaginem um monte Alentejano e uma encosta no Douro. O que de imediato vos sugerem estes dois cenários? Turismo e Vinho. Usufruir da vivência do mundo rural, com o máximo de sofisticação. É um conceito muito interessante com duas formas distintas. As velhas Quintas e conceituados produtores rentabilizam infra-estrutura e instalações. E quem lança um novo projecto turístico-imobiliário nestas regiões concebe um arranjo paisagístico de forma a enquadrar o vinhedo.
O vinho de região demarcada está cada vez mais associado ao conceito de exclusividade, da mesma forma que o turismo exclusivo é cada vez mais procurado.
Será que o sector vitivinícola tem também evoluído?
A crescente profissionalização de quem trata das uvas e um forte investimento de grupos empresariais ligados ao sector têm permitido alcançar bons resultados. Mas esta melhoria não acontece por acaso. Os objectivos traçados pelo Monitor Group de Michael Porter, no estudo apresentado em Maio de 2003 estão a ser seguidos e só a famigerada crise veio empatar um pouco. Mas eis que os principais e mais conhecidos projectos empresariais do sector, como é exemplo a Finagra (Herdade do Esporão), começam a adquirir mais propriedades. Neste caso específico trata-se de uma estratégia para alargar a gama de produtos, entrando no Douro. Porém outros aproveitarão para aumentar volume, factor também importante neste mercado.
Somos o 11º produtor mundial e o 4º europeu, mas a aposta terá de ser pela qualidade.Um dia o 1º lugar da Wine Spectator vai ser português, e este ano já fomos 3º (Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas 2005).

Retalho : Oportunidade 2.0

O BNP Paribas publicou o primeiro trimestre negativo da sua história. A Qimonda em insolvência. A Morgan de Toi pede protecção de credores. A crise não pára e também no imobiliário comercial em Portugal já se sente: abrandamento na maioria dos novos centros comerciais em construção – por problemas de financiamento e sobretudo de dificuldade na comercialização de lojas, um factor fundamental para o sucesso das operações. Estes investimentos são de longo prazo e não podem ser condicionados por problemas de curto, pelo que a solução passa por suspensão de projectos ou adiamento.
Ao contrário do sector industrial, onde a crise está a servir de desculpa para despedimentos e relocalizações que iriam acontecer com ou sem recessão, neste sector os abrandamentos são consequência real e directa da situação económica.
De Leiria a Évora, de Barcelos a Braga, de Portimão a Viana, há retails e centros comerciais previstos que não avançaram, há obras quase paradas por falta de liquidez, há contratos assinados que não vão ser concretizados, há licenças com prescrição à vista, há promotores em risco e há projectos que nunca irão nascer. Para as redes de retalho, é a melhor oportunidade para renegociar em baixa os seus contratos e crescer a um custo de oportunidade negativo, já que a pressão está desta vez sobre os operadores de centros comerciais, que em muitos casos estão dispostos a financiar os retalhistas para entrarem nos seus empreendimentos.
Quem não parece interessado em aproveitar esta oportunidade única é o comércio de rua, incapaz de se organizar em conceitos de comércio integrado.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A mulher de César

O provérbio diz que à mulher de César não basta ser séria – também precisa de o parecer. Pois bem, na sequência do apoio governamental concedido nos últimos meses à banca, os principais executivos do sector ligaram-se ao Estado num estranho matrimónio em que todos tentam parecer sérios, mas muitos não o são. Refiro-me, em particular, ao pagamento de prémios variáveis em instituições insolventes, resgatadas com o aval dos contribuintes, mas em que nem assim os banqueiros deixam de fazer pagar prémios nem deixam de os receber. O exemplo mais paradigmático é o que aconteceu na defunta Merrill Lynch (ML) – outrora o terceiro maior banco de investimento do mundo, mas que, mergulhada em más apostas “subprime”, entrou em falência técnica, tendo sido adquirida pelo Bank of América (BoA) com o aval parcial do Estado. Soube-se na semana passada que em Dezembro, uns dias antes da aquisição se concretizar, foram pagos milhares de milhões de dólares em prémios variáveis aos quadros da ML, ao que consta sem a permissão do seu comprador, o BoA. A polémica está a dar que falar e, entretanto, o principal executivo da ML, John Thain, aquele que negociou a venda da empresa e que agora ficaria na administração do BoA, já foi demitido. Independentemente de quem tenha dado a ordem final, não é aceitável que os prémios sejam pagos. Na verdade, os accionistas de ambas as instituições deviam exigir a sua devolução. Porque o primeiro critério na atribuição generalizada de prémios tem sempre de ser o sucesso global da instituição e só depois a contribuição individual de cada um para esse sucesso. (Artigo publicado no jornal Meia Hora a 27/12/2009)

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Ajustamentos

Ajustamentos
Actualmente, até os mais audazes temem arriscar grandes previsões. Dão-nos, no entanto, uma antevisão irrefutável: a crise vai afectar o comportamento dos clientes que, ofuscados desde cedo pelo pessimismo, tomarão decisões cada vez mais cautelosas. Algumas empresas já começaram a retirar benefícios imediatos deste cenário, bombardeando-nos com promoções inéditas e dicas de como poupar. Há, no entanto, um caminho mais estruturante que fortalece o relacionamento com o cliente e a imagem da marca: capitalizar em mensagens de durabilidade, eficiência e racionalidade, características que os consumidores procuram agora avidamente para justificar a compra. Outra via importante passa por apoiar os clientes no cumprimento das suas obrigações, num momento em que se sentem inseguros ou precisam de apoio. Proactivamente, as empresas devem prever situações de dificuldades financeiras dos seus clientes, identificando as alterações nos padrões de consumo. Numa atitude mais reactiva, especificamente em acções de cobranças, é importante rever processos e repensar políticas de fidelização. As empresas que se mostrarem compreensivas e apresentarem alternativas e soluções flexíveis, surpreendendo os clientes quando estes menos esperem, terminarão este período de trevas mais fortalecidas do que as suas concorrentes. Perante esta mão amiga, os consumidores tenderão a permanecer mais tempo fiéis às empresas, que através destas acções com eles fortalecerão as suas relações.
Artigo publicado no jornal Meia Hora a 27/01/2009 Andreia Pinho

PuraMente #3 - "Marketing Metaphoria"



Nome: Marketing Metaphoria

 

Autores: Gerald Zaltman e Lindsay Zaltman

Data: Abril de 2008 - Harvard Business Press

Frase: "We are deeply alike"

Keywords: Metáforas; Consumidor; Conceptual Blending; Deep Thinking;

Apreciação: ***

 

Gerald Zaltman é um dos "famosos" de Harvard, reconhecido pelos trabalhos sobre representação do pensamento. Depois de "How Customers Think" (2003), Zaltman continua a tentar compreender os processos de escolha dos consumidores.


No livro, recomendado por Kotler, as "Deep Metaphors" são descritas como filtros que simplificam e estruturam. Estão associadas a emoções/necessidades básicas e aos valores de base. As metáforas têm aplicação universal, indiferentes à localização, origem e etnia dos consumidores. O autor considera que as diferenças entre os indivíduos são sobrevalorizadas e segmenta-se em excesso, quando há evidências de que somos surpreendemente semelhantes.


A utilização das "Deep Metaphors" permite colocar o consumidor no centro, facilitando a segmentação, design de produtos, ideias e ambientes, posicionamento e comunicação. É um "framework" para comunicar eficientemente, criar ligações emocionais e ultrapassar o "say-mean gap" - frequentemente o que os consumidores dizem não é o que pensam.


Zaltman afirma que os processos de tomada de decisão efectuam-se ao nível do inconsciente e destaca 7 "gigantes": Equilíbrio, Transformação, Viagem, Ligação/Pertença, Recipiente, Recurso e Controlo. Quase tudo envolve pelo menos dois destes "gigantes". Por exemplo, ao comprar estamos numa "viagem/aventura" e numa busca por "transformação".


O livro é importante para estrategas e obrigatório para profissionais de marketing. A leitura é fácil, com algumas repetições, mas surpreende pela simplicidade e insight. Uma forma eficiente de abordar o livro é ler os dois primeiros capítulos e o último. Depois aprofundar cada uma das metáforas nos capítulos de 3 a 9.


Zaltman fala da complementaridade de disciplinas, do exercício da curiosidade e do tempo a dedicar ao pensamento profundo - tarefas essenciais para qualquer gestor.


Filipe Garcia

Economista da IMF, Informação de Mercados Financeiros

Publicado no jornal de Negócios em 27 de Janeiro de 2009

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Modelos da Suécia



Goste-se ou não a nacionalização de grande parte do sistema bancário ocidental é muito provável.
 
Boa parte dos grandes bancos nos Estados Unidos e Inglaterra (e Irlanda) já se transformaram em instituições híbridas de capital privado e público. Aos poucos as participações do Estado vão aumentando, no que o Financial Times considera serem “nacionalizações camufladas”. Esta situação traduz-se num conflito de interesses - o contribuinte tem objectivos diferentes dos accionistas privados. Há um enquadramento histórico que define o que fazer quando os bancos estão em crise e os governos estão determinados em não os deixar cair.

É o chamado “Modelo Sueco”, utilizado no início da década de 90.

De acordo com o modelo os bancos são totalmente nacionalizados e os depósitos são salvaguardados. Os accionistas perdem tudo e a gestão dos bancos é substituída - como tem que ser. Os bancos são forçados a reconhecer todas as perdas e posteriormente são recapitalizados pelo Estado. No caso que ocorreu na Suécia isso resultou na separação dos “maus activos” e a sua colocação num único banco, denominado de “bad bank”. Isso permitiu concentrar as actividades de banca tradicional, rentáveis, em instituições viáveis e que passaram mais rapidamente para o sector privado.

Até agora os governos preferiram intervir caso a caso, mas é possível que sintam a necessidade de um movimento de nacionalizações mais amplo. Não é uma solução sem custos. Mas é uma saída que está a ser equacionada para conseguir a estabilização do sector financeiro, sem a qual não será possível uma recuperação económica sustentável.

Filipe Garcia
Economista da IMF
Artigo publicado no jornal Meia Hora de 26 de Janeiro de 2009

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Pesadelo

A bolsa iniciou o ano de 2009 da pior forma: em baixa. Ontem, após a tomada de posse de Barack Obama, os principais índices de acções já acumulavam perdas na casa dos 10% desde o início de Janeiro. Em Nova Iorque, o índice S&P500 – aquele que é mais representativo do mercado de acções norte-americano – perdia 11%. No Japão, menos 9%. E na Alemanha uma queda de 12%. Em Portugal, curiosamente, a razia passou-nos ao lado, pelo menos até agora, e a desvalorização do PSI20 tem sido apenas residual. Contudo, as páginas dos principais diários permanecem repletas de notícias negativas, em particular no que diz respeito aos despedimentos que, um pouco por todo o mundo, Portugal incluído, estão a ser implementados pelas empresas. E na Islândia já há motins nas ruas. Ao mesmo tempo, a banca, o epicentro desta crise, permanece intoxicada com activos perdedores. A situação é de tal forma séria que certas correntes de opinião defendem a criação de um banco público cujo objectivo seja, exclusivamente, a absorção dos chamados activos tóxicos. Algumas estimativas apontam para que a dimensão desse conjunto de activos mal parados, inicialmente na esfera dos créditos hipotecários mas que entretanto se alastraram a outro tipo de créditos, e que ainda não foram amortizados seja superior a 1 trilião de dólares – cerca de 7,5% de todo o PIB norte-americano. Acrescentemos a este valor um outro tanto, que foi amortizado durante o ano passado, e temos que mais de 15% da economia norte-americana está mal parada. E em Portugal, será que mergulharemos deste modo? Artigo publicado no jornal “Meia Hora” a 23/01/2009

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Crises -What its psychological and social impact?

Is there some relevant impact of psychological behaviour on the actual crises?

Thus, what are the main psychological and social mechanisms in it?

The reality and the crises dimension could never been known and this uncertainty should be the principal as a determinant, like the uncertainty principal. Don’t you agree?

Conseguirá Obama evitar a 2.ª Grande Depressão?

Os economistas acreditavam possuir as ferramentas e os conhecimentos necessários para evitar as crises económicas profundas. Na verdade, o paralelismo entre a situação actual da economia norte-americana e o período que precede a Grande Depressão é impressionante. O desemprego está a aumentar, a expectativa de deflação é real, os bancos não concedem empréstimos e as empresas e os consumidores não estão a gastar. Numa altura em que a Reserva Federal já baixou a taxa de referência para próximo de zero, constata-se que a política monetária falhou, tendo em conta que o crédito permanece escasso e a economia continua em queda. Para Paul Krugman, o mais recente Prémio Nobel da Economia, apenas o aumento maciço da despesa pública poderá evitar uma 2.ª Grande Depressão, seguindo o raciocínio de Keynes, o economista mentor do New Deal de Roosevelt. Nas actuais circunstâncias económicas, Barack Obama, que anteontem tomou posse como 44.º Presidente dos EUA, é visto como um Salvador, prometendo com o seu “Plano Americano de Recuperação e Reinvestimento” revitalizar o mercado e inverter o colapso da confiança. Uma falha neste plano poderá ter consequências devastadoras para os EUA. Esperemos assim que o Congresso não demore meses a aprovar o plano económico de estímulo, repetindo o erro de 1931. Lembremo-nos que a crise eclodiu em 1929 e apenas em 1933, com o novo Presidente Roosevelt foi implementado o New Deal. Até essa data, desapareceram mais de 4 000 bancos e o desemprego atingiu 25%. Susana Peixoto Docente do IDEP Artigo publicado no jornal Meia Hora a 22/01/2009

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

PuraMente #2 - "Hot, Flat and Crowded"



Nome: Hot, Flat and Crowded
Autor: Thomas Friedman
Data: Novembro 2008
Frase: "The hour is late, The stakes couldn't be higher, the project couldn't be harder, the payoff couldn't be greater"
Keywords: Globalização; Code Green; Convergência de "hot, flat, crowded"; Liderança dos EUA
Apreciação: ****

Depois da obra "O Mundo é Plano"(05), livro mais lido dos últimos anos e que estudava a globalização de uma forma pragmática e muito real, o incontornável Thomas Friedman (colunista do The New York Times e vencedor de três prémios Pulitzer) volta com Hot, Flat and Crowded. Entre os que esperaram o seu pré lançamento, havia algum receio que a obra fosse "mais do mesmo", para tirar proveito financeiro do auge da sua obra anterior, que entretanto entrou em fase madura na maioria dos países evoluídos (ainda se encontra nos tops em alguns outros). Felizmente, tal suposição não se confirmou. A obra tem vida própria.
O contexto do livro é o do problema global que o mundo tem enquanto à sua sustentabilidade, face ao seu aquecimento progressivo, imparável degradação ambiental e crescimento demográfico. A obra destaca-se por oferecer soluções, e por considerar que este problema é uma oportunidade para a os Estados Unidos conduzirem a necessária revolução e assim encontrarem uma forma natural de liderança mundial, em substituição do poder das armas que voltou a falhar no Iraque.
O autor defende um "Code Green", em que os Estados Unidos sejam lideres em sistemas de eficiência energética e energia "limpa" e uma inspiração de ética de conservação e sustentabilidade do mundo enquanto lugar habitável e civilizado, advogando que "se queremos as coisas como estão, muitas coisas terão de mudar".
O livro, que critica a atitude "dumb as we wanna be" e a apatia geral dos americanos tem o seu centro de gravidade no desenvolvimento de uma politica que combata os problemas que surgem da convergência de três factores : "hot, flat and crowded", sendo uma obra de importante leitura, apesar do seu exagerado americanismo.

Pedro Barbosa
Docente do IPAM

Citi(un)group - A Justiça?



O desmantelamento do Citigroup é uma fonte de temas para análise. Em 1998 o Citicorp e o Travelers Group fundiram-se, criando o maior grupo financeiro mundial e seguindo o modelo de banca universal. O "Citi" pretendia de servir todos. Empresas, bancos, governos e particulares. Agora tenta salvar-se da falência, separando as áreas de negócio.

Uma primeira questão é a subsistência do modelo. O futuro da banca (e não só) passa por abandonar os conglomerados e focar na especialização? Os bancos não estarão em dificuldades por determinadas áreas contaminarem negócios mais seguros? Os gestores terão subestimado a ocorrência dos "cisnes negros" - acontecimentos improváveis, mas com consequências terríveis? As estratégias de conglomerado aumentam a probabilidade desses eventos, mais do que compensando as vantagens?

Provavelmente o caso Citigroup tem a ver com a cultura da empresa. Relembremos alguns casos. Recentemente o banco foi condenado em $14 milhões por literalmente roubar os clientes. Provou-se que de 1992 a 2003 uma rotina informática retirava dinheiro intencionalmente das contas de clientes mais pobres ou recentemente falecidos. O esquema foi denunciado internamente, mas os gestores de topo decidiram nada alterar. Em 2004 o "Citi" manipulou o mercado de obrigações e em 2007 estava envolvido num escândalo com dinheiros públicos noruegueses, isto entre uma série de multas milionárias impostas pelos reguladores.

Há apenas que lamentar pelos efeitos na economia mundial, porque relativamente aos gestores do "Citi" parece estar a ser feita "justiça"!


Filipe Garcia
Economista da IMF

Artigo publicado no jornal Meia Hora em 21 de Janeiro de 2009

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Alguém lhes explica?

Desde há alguns anos que publicitários e consumidores assistem com interesse e curiosidade à batalha pelo mercado das cervejas, disputada taco a taco pela Super Bock (Unicer) e pela Sagres (Centralcer). No princípio, existia uma colagem fortíssima da Super Bock ao Norte e à cidade do Porto em particular, e da Sagres a Lisboa ou ao Sul.
Cedo perceberam os marketeers das duas empresas que o pipeline de crescimento estava no mercado dominado pelo seu concorrente, tendo criado estratégias com a finalidade de globalizar a marca, retirando-lhe componentes locais ou mesmo filosoficamente tribais. Chegaram a estar em investimentos puramente cruzados, com o Super Bock Super Rock a realizar-se só em Lisboa e a Sagres a canalizar os investimentos mais importantes para o Porto e para a sua Queima das Fitas. A fase seguinte e mais recente é de maior racionalidade. As marcas investem os seus budgets de publicidade em formatos nacionais com estratégias maduras, que vão sendo complementadas com side-stuff, como o lançamento de novos sub produtos debaixo do umbrella, patriocínio de eventos experenciais e outros veículos complementares.
É neste cenário que recebi com estranheza duas noticias que a Centralcer cedeu ao mercado no mesmo dia. Por um lado, a decisão de patrocinar a camisola do Benfica, não fazendo o mesmo nos outros dois grandes do futebol português, correndo riscos de ser um novo Parmalat. Por outro, a vontade expressa publicamente de acabar com a maior proximidade que a Super Bock consegue ter no público regionalmente mais a Norte. Alguém lhes explica o significado da palavra coerência?

Preços em crise

Os preços de uma forma geral estão na ordem do dia em todos os órgãos de comunicação, se uns meses atrás era porque a inflacção estava a subir para níveis menos desejáveis, e em que toda a informação divulgada apenas criava o ambiente perfeito para oportunisticamente subir preços, agora temos um pouco o inverso com vários especialistas a falar sobre os riscos de deflacção mas criando expectativas claras nos compradores de que os preços deveriam descer ou crescer marginalmente. Na realidade estas pressões influenciam comportamentos, mas o mais importante é como as empresas utilizam esta ferramenta. Momentos extremos muitas das vezes levam a medidas extremas e por vezes pouco reflectidas. Acima de tudo o preço deve reflectir uma direcção estratégia por parte da empresa, mas não deve ser negligenciado como arma táctica. Esta importãncia é superior no caso da relação “business to business” onde diferentes posturas em preço podem de facto fazer a diferença neste momento de capacidade excedentária. Veja-se por exemplo as últimas notícias relativas ao mercado do alumínio onde as grandes empresas estão a anunciar elevados ajustes de capacidade com encerramento de unidades de transformação e consequente ajuste de preços no sentido de recuperar a rentabilidade no sector. Não estou com isto a dizer que devemos começar a subir preços de uma forma generalizada, mas que em momentos extremos os preço deve ser usado como ferramenta, sendo o mais importante a utilização concientemente e não seguindo percepções generalizadas do mercado.
Publicado no Jornal Meia-Hora a 19/01/2009

domingo, 18 de janeiro de 2009

Thomas Jefferson

«Acredito que as instituições bancárias são mais perigosas para as nossas liberdades do que o levantamento de exércitos. Se o povo Americano alguma vez permitir que bancos privados controlem a emissão da sua moeda, primeiro pela inflação, e depois pela deflação, os bancos e as empresas que crescerão à roda dos bancos despojarão o povo de toda a propriedade até os seus filhos acordarem sem abrigo no continente que os seus pais conquistaram.»
Thomas Jefferson, 1802

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O meu tractor é melhor que o teu

Todos nós já recebemos emails com notícias fantásticas, ou com alertas estapafúrdios…. os hoaxes como se costuma denominar na linguagem “internetiana”. Ontem recebi um desses emails e porque vinha de uma fonte credível, decidi investir uns 5 segundos a perceber do que se tratava. Valeu bem a pena. Num cenário de alguma retracção económica, o sector das TIC faz também contas a vida, mas pelo que vi, conseguiu reinventar-se mais uma vez - qual SaaS (Software as a Service), qual ASP.... o que está a dar são tractores. Pois, isso mesmo. Tractores, e dos bons. Aparentemente, a Câmara Municipal de Sines decidiu adquirir (por ajuste directo, claro), a uma empresa de tecnologias de informação, um belo de um tractor pela módica quantia de 640 mil euros. Não acreditam? Pois, eu também não quero. Vejam pelos próprios olhos (cliquem na imagem para aumentar):

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Um Estado Amargo

As recentes intervenções estatais na economia encobrem sinais preocupantes e perigosos.
Preocupantes, sobretudo, pelo exemplo. Com a substituição da mão invisível pelo pai protector, reina uma ideia de facilidade na abordagem aos sérios apertos que enfrentamos. Há um banco que se afunda? Nacionaliza-se diluindo as perdas. Um sector em crise? Alargam-se os milhões de apoio. Empresas pouco competitivas? Facilita-se o crédito. Ainda que algumas destas medidas sejam imperativas, impõe-se acompanhamento por outra visão – aquela de fundo, estrutural, dirigida ao âmago do problema e não aos seus sintomas.
Perigosas, na medida em que as opções tomadas, salvo raras excepções, escolhendo caminhos frágeis e de prazo curto, não resolvem “a equação”. Os nossos grandes constrangimentos – sendo que o aumento da competitividade do tecido económico constitui a questão de longo prazo mais fundamental e mais urgente a que Portugal deve responder – estão, uma vez mais, adiados. E assim o futuro hipotecado, num momento oportuno para apostar no essencial. Mas “o essencial é invisível aos olhos”...
Perplexo, vejo a resignação da maioria das empresas: pacificamente aceitam a expansão do Estado; indiferentes absorvem a dependência dos (parcos) apoios que lhes são concedidos. Exige-se mais determinação; ambição maior, prenha de visão estratégica que esclareça o rumo, impondo outras respostas – muito para além do betão público. Estaremos a ficar embriagados pelo crédito barato, pelas soluções imediatas, enfim, pela cosmética?
Como vamos pagar este manjar de facilidades?

PuraMente #1 - "O Mundo é Plano"

Nome: O Mundo é Plano


Autor: Thomas Friedman

Data (Original): Abril de 2005

Frase:"Todos têm a oportunidade de entrar no jogo"

Keywords: Concorrência Global; Foco nas Aptidões; Mudança e Oportunidade; Outsourcing; Insourcing; Supply-Chaining; Globalização

Apreciação: ****


"O Mundo é Plano" não se pode considerar uma novidade. Já foi lido por muitos milhões de pessoas e mesmo em Portugal goza de alguma popularidade. Se o livro já foi importante para ajudar a perceber o alcance da globalização numa conjuntura de crescimento económico, volta a ser obrigatório ler ou reler para entender hoje o espectro e velocidade da crise financeira e económica instalada.


Destinado a todos sem excepção, mas sobretudo aos que de uma forma imparcial tentam entender o mundo, o livro fala de uma série de eventos que resultaram numa transformação histórica. Actualmente existem menos obstáculos a todos os níveis, sendo que a distância e as fronteiras perderam muita da sua relevância. Dessa transformação resulta um conjunto de oportunidades. Ou seja, a globalização não é geradora de pobreza e injustiça, mas antes nivela o mundo. Promove maior igualdade de oportunidades, sendo possível concorrer no mercado aberto focando nas aptidões próprias.


Este best seller de Friedman tem mais de 500 páginas, mas o leitor fica mais do que esclarecido lendo apenas a primeira parte - "Como o mundo se tornou plano" (190 pág.). Mesmo assim sujeita-se a algumas repetições, mas que não são demasiado maçadoras por se tratarem de exemplos interessantes. O autor enumera dez eventos que mudaram o mundo, sendo os mais importantes a queda do muro de Berlim e o progresso tecnológico em sistemas de informação. Friedman apoia a sua argumentação na observação empírica e na ideias de David Ricardo - a especialização e a troca contribuem para o bem comum.


Vale a pena conhecer ou voltar a este livro para compreender porque a crise actual é global, propagando-se em dias a todo o mundo e reconhecer que a teoria do "decoupling" dos países emergentes era irrealista.


Filipe Garcia

Economista da IMF

Artigo publicado no Jornal de Negócios em 13 de Janeiro de 2009


segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

The Lisbon MBA : Proteccionismo

O Governo português não olha a meios para ter projectos bandeira, o que demonstra iniciativa e merece os nossos elogios. Já não é tão sábio na forma como lhes dá corpo, sem se preocupar se está induzir no mercado falsos valores. Ora falsas expectativas, ora erradas intervenções que causam investimentos deslocados e concorrência desleal.
O caso mais recente parece ser o "The Lisbon MBA", um projecto onde o Governo conseguiu investir 3,5 milhões de euros e "pedir" o mecenato de instituições como a CGD, a EDP e a REN, empresas onde como se sabe o estado tem pouca intervenção… Os mecenas privados apoiam este MBA com 1.4 milhões por ano, a somar ao brutal investimento de arranque de todos os portugueses. Não se conhece do Estado Português entusiasmo semelhante na fusão das escolas do Norte num único MBA : a EGP-UPBS, que parte do melhor MBA Executivo do país (o da escola presidida por Daniel Bessa).
Um bom MBA custa em Portugal 15.000 a 20.000€ e em Harvard, 70.000, pelo que os 30.000€ do Lisbon MBA não parecem necessitar de caridade – e o MIT é uma parceria portanto não sujeita a royalties de endorsement. Neste contexto, alguém compreende os montantes de investimento destes mecenas e para que serão destinados?
Será sequer necessário financiar MBA´s de topo, quando as principais escolas têm necessidade de seleccionar rigorosamente os melhores candidatos, num dos raros nichos em que a oferta supera a procura? Deveriam os Governos usar o dinheiro de todos os portugueses para baralhar a saudável concorrência do mercado, em nome de um projecto central que embandeire a legislatura?

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Vícios da banca

Nos últimos dias, foi notícia a proibição que o Banco de Portugal (BdP) decretou sobre a cobrança de comissões bancárias não previstas no preçário dos bancos junto dos seus clientes. Na minha opinião, trata-se de uma iniciativa extraordinária da entidade reguladora porque confirma uma realidade há muito debatida: que muitos bancos se fazem pagar às escondidas, provavelmente, em violação contratual das suas responsabilidades fiduciárias. Entretanto, a Associação Portuguesa de Bancos (APB), na voz do seu presidente João Salgueiro, já reagiu. De acordo com citações publicadas na imprensa especializada, a APB afirma que não são de esperar alterações significativas e que tudo se deve à ignorância financeira da generalidade dos portugueses. Ou seja, afinal, os vilões são os clientes! A verdade, porém, é que os abusos sobre os clientes acumulam-se ano após ano e não se registam apenas no domínio daquelas pequenas comissões que ninguém nota, mas cuja cobrança, multiplicada por milhares de clientes, resulta em receitas significativas para os bancos. Há outros vícios na banca. Por exemplo, as taxas de juro que em alguns casos são enganosamente publicitadas e noutros são mal arredondadas. Sempre em prejuízo do cliente. Ou então, os depósitos a prazo que nem sempre o são. E, também, os fundos de investimento com risco, mas que na sequência de anos de conjuntura positiva nos mercados são apresentados como veículos sem risco. Enfim, a ética deve preceder o lucro. A transparência em lugar do embuste. E a simplicidade em alternativa à sofisticação. (*) Artigo publicado no jornal “Meia Hora” a 9/01/2009.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Economistas Humanos


Oscar Wilde terá dito que "em Economia a verdade raramente é pura e nunca é simples". Há que desmistificar o carácter exacto da ciência económica. A Economia é uma ciência social, o que implica muita observação, hipóteses e poucas certezas.

Os economistas têm sido amplamente criticados por não terem previsto a actual crise (sobretudo o evento subprime e suas consequências). Mas há anos que muitos falavam no assunto e das consequências que uma bolha no imobiliário poderia ter. Só que quando um mercado está em alta o autismo prevalece. Os cautelosos são apelidados de "velhos do Restelo" e os mais sensatos acusados de tentar "destruir o mercado". Raghuram Rajan - um reputado economista - colocou bem o problema: "A maioria dos economistas é muito relutante em fazer parte do diálogo com o público. O público exige uma opinião demasiado concreta sobre coisas de eles próprios não estão totalmente certos". Há ainda um problema de reflexividade já que as opiniões que alguns economistas divulgam podem ter um efeito directo na realidade.

Ora se os melhores economistas preferem o refúgio do silêncio, então algo está muito mal! Grande parte da culpa está na forma como se exige aos economistas um rigor nas previsões e uma capacidade de acerto que não se exige a quase nenhuma profissão. Todos os "oráculos" falham: os meteorologistas, os políticos, os militares, os gestores, os treinadores de futebol e os de bancada. Falham e continuarão a falhar, porque não são mais do que pessoas. Será possível prestar mais atenção aos argumentos e menos às previsões?

Filipe Garcia
Economista da IMF

Artigo publicado no jornal Meia Hora em 8 de Janeiro de 2009

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Sustentabilidade

Temos assistido a uma progressiva adesão, das mais conhecidas e maiores empresas portuguesas, à publicação de relatórios de sustentabilidade.
Trata-se apenas de uma moda ou esta prática estará subjacente a uma nova abordagem?
Quero crer que a elaboração destes relatórios seja um processo vivo e uma ferramenta,não começando ou terminando numa publicação impressa ou on-line. É algo que deve estar integrado num processo mais abrangente de definição da estratégia organizacional, deimplementação de planos de acção e de análise de resultados.
A preparação destes documentos permite uma avaliação consistente do desempenho,fixando indicadores que reflectem os impactos económicos, ambientais e sociais. Serve também de veículo de comunicação com as várias partes interessadas (stakeholders) e assegura a recolha de informações úteis para os processos organizacionais.
Os principais desafios da sustentabilidade implicam escolhas e formas de pensar quesejam novas e inovadoras. O desenvolvimento tecnológico conduz ao crescimento económico e contribui para minimizar riscos e mitigar ameaças, à manutenção das nossas relações sociais e do meio ambiente.
Os novos conhecimentos e inovações em gestão e políticas públicas representam um desafio às organizações que reequacionam estratégias. O impacto das operações, produtos, serviços e actividades no planeta terá inevitavelmente de ser alterado e medido.
Num imperativo de transparência reclama-se “satisfazer as necessidades do presente semcomprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades”.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Confuso ou Confundido?

O investimento em publicidade cresceu em 2008. O investimento em publicidade decresceu em 2008. A Televisão recebeu 70% das receitas em publicidade. A Televisão recebeu 48% das receitas em publicidade. Confuso ou confundido?
Já é tempo de conseguir um discurso coerente e consistente entre todos os que interagem neste sector. A desinformação lançada acaba por confundir anunciantes e mascarar a realidade. Um conjunto de especificidades sobretudo técnicas precisa de ser descodificado, sendo a mais relevante a diferença entre publicidade "a preço de tabela" e "em valor líquido". Como forma de não relevar as politicas de descontos e os negócios com cada player, o mercado opta por comunicar os negócios " a preços de tabela". O valor que isto tem para qualquer ilação, conclusão ou extrapolação nem é muito nem pouco. Não é nenhum. Vale zero.
Seria importante as empresas assumirem perdas quando elas existem, em vez de aumentarem tabelas e exponenciarem descontos, como se preparam para voltar a fazer em 2009.
Só assim se compreende que haja quem ainda pense no mais que improvável aumento de publicidade em 2009. Com a informação actual, parece claro que a televisão deverá ter um decréscimo pouco significativo (publicidade polarizada nas blue chips de telecomunicações e retalho), a Internet continuará a crescer e todo o restante mercado (em especial o de publicidade exterior e o de produção) deverá ter quebras de dois dígitos. Mas os dados oficiais de vendas "a preços de tabela" deverão crescer tranquilamente...
Artigo publicado no jornal Meia Hora a 6/1/2009

A caminho de Copenhaga

O papel de liderança no combate às Alterações Climáticas tem sido assegurado pela UE quase desde o início da Administração Bush na presidência dos EUA. Este papel tem tido destaque a nível internacional na implementação do Protocolo de Quioto, com reflexos directos a nível interno. As decisões do Conselho Europeu de Dezembro 2008, onde foi atingido um acordo de princípio sobre o pacote legislativo “Energia e Clima - 20 20 20 em 2020” são disso um exemplo. Este pacote de objectivos (redução de 20% das emissões de gases com efeito de estufa, aumento das energias renováveis para 20% do total energia produzida e redução do consumo de energia em 20%) será fundamental para garantir uma redução da dependência energética externa europeia e uma maior “descarbonização” da economia. No entanto em 2009 poderá ocorrer a passagem de testemunho ou a partilha deste papel de liderança, com o “efeito Obama” a atingir o combate às Alterações Climáticas. A UE e os EUA, agora com nova administração, reconhecem a urgência deste combate, encarando-o como uma oportunidade para desenvolvimento de novas tecnologias, materiais e práticas energeticamente eficientes, garantindo ainda a promoção do emprego nestas áreas (a UE prevê 1 milhão de empregos na indústria das energias renováveis em 2020). O ano 2009 será decisivo para uma nova agenda no combate às Alterações Climáticas. Dezembro reservar-nos-á a definição de um conjunto de compromissos mundiais que consagrarão o sucedâneo do Protocolo de Quioto. Será que no nosso léxico vai passar a existir a expressão “Protocolo de Copenhaga”? Faltam só 335 dias.
Artigo publicado no jornal Meia-Hora de 5 de Janeiro de 2009

Vale a pena voltar a ler...

O texto do Jorge Serra sobre a certificação energética dos edifícios.

Hoje está a falar-se deste assunto.

Sexta-feira, 7 de Novembro de 2008


Para que serve a certificação energética de edifícios?



sábado, 3 de janeiro de 2009

"O dia em que a SEC mudou o jogo"



Há quem diga que os reguladores têm as costas largas e que as críticas que lhes são actualmente apontadas pecam por exagero e não são mais do que a expiação dos pecados de quem realmente cometeu erros grosseiros. Ou seja, "sacudir a água do capote".

Começa a perceber-se que não é bem assim e que os reguladores são, de facto, responsáveis por parte importante do que sucedeu. É a velha questão entre o polícia e o ladrão. Se a polícia é ineficiente, o crime tende a aumentar. De quem é a culpa? Do polícia ou do ladrão?

"A água corre por onde lhe é mais fácil" e por isso há que ser crítico às ineficiências de polícias, reguladores, supervisores e equiparados, quando ainda por cima exercem o seu poder com meios e de forma quase ilimitada. E já é assim que os reguladores de mercado actuam.

O que já se sabe é que uma decisão no mínimo negligente por parte da SEC - The Securities and Exchange Comission - tomada em Março de 2004, abriu as portas aos exageros que com impacto negativo em todos os habitantes do globo, sem excepção. Com esta medida a SEC permitiu que os bancos de investimento se alavancassem muito para além do recomendável, num contexto de início de bull market.

Sabe-se lá quais os reais motivos da decisão. Pode ter sido o efeito de lobbying, de inépcia ou de  de groupthink (do tipo que levou ao "acidente" do vai-vem Challenger). Só que desta vez o desastre, igualmente terrível, é bem mais global.

Recomenda-se ver neste link a reportagem do NY Times.

http://www.nytimes.com/interactive/2008/09/28/business/20080928-SEC-multimedia/index.html